"É de lamentar o que está a acontecer. Sempre disse, e continuo a dizer, que isto que eles proclamam de Estado Islâmico não é estado islâmico nenhum, nem é Islão. O Islão prega solidariedade e ser amigo do outro", afirmou o representante.

Questionado sobre se teme alguma reação à comunidade islâmica, Abdul Vakil sublinhou que "eles não são muçulmanos".

"Eles não são muçulmanos nenhuns, eles dizem-se muçulmanos e fazem coisas que são contrárias ao islão. Islão é amor ao outro. Deus queira que não haja nenhum ataque. Que Deus nos salve disso e salve todos os portugueses dessas ameaças", concluiu.

Às 18:30 de hoje, a Torre de Belém passou a estar iluminada com as cores da bandeira francesa, na presença de algumas dezenas de pessoas, numa iniciativa organizada pela Câmara de Lisboa.

"A melhor forma de nos batermos e lutarmos contra o extremismo e radicalismo é não abdicarmos dos valores fundamentais da civilização ocidental. É também por isso que aqui está Abdul Vakil, para mostrar que o nosso grande valor é o da liberdade, democracia e tolerância e se, em algum momento, nesta batalha contra o extremismo, abdicarmos destes valores, então é porque os nossos inimigos ganharam esta guerra", afirmou o presidente da autarquia, Fernando Medina.

Também o embaixador de França em Portugal, Jean-François Blarel, assistiu à iniciativa e considerou "muito importantes" todas as formas de solidariedade e a "determinação comum de lutar contra este terrorismo cego".

"Mais uma vez, França foi atacada no seu coração, desta vez de maneira diferente do que em janeiro. Diretamente visando o povo. Antes eram alvos particulares. Desta vez, os terroristas queriam atacar diretamente o povo francês, na sua diversidade", lamentou.

A ministra da Cultura, da Igualdade e Cidadania, Teresa Morais, esteve também presente na cerimónia, e afirmou que o Governo está a acompanhar, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a situação dos portugueses residentes em Paris que possam eventualmente ter sido afetados.

"Esta é uma homenagem simbólica junto a um grande monumento nacional, é um símbolo de Portugal e dos portugueses. Portugal é um país de gente solidária e humanista, que se quer associar às homenagens e lamentar este terrorismo bárbaro", acrescentou.

Hoje à noite, a Câmara Municipal de Sintra anunciou que o "Castelo dos Mouros e os Paços do Concelho vão estar durante uma semana iluminados de azul, branco e vermelho, cores da bandeira francesa", numa "demonstração de solidariedade com França, e de homenagem às vítimas" do ataque, em articulação com a Parques de Sintra Monte da Lua.

O Teatro Rivoli, no Porto, foi hoje também iluminado de azul, branco e vermelho, numa iniciativa da autarquia.

Na sequência dos atentados terroristas de sexta-feira, em Paris, vários edifícios foram iluminados com as cores da bandeira francesa, como o One World Trade Center, em Manhattan, a torre de Toronto, no Canadá, o Estádio de Wembley, em Londres, e a Ópera de Sydney, na Austrália.

O Empire State Building, em Nova Iorque, por sua vez, está de luzes apagadas, desde as 22:00 locais de sexta-feira, pelas vítimas dos atentados na capital francesa.

A orquestra e o coro da Metropolitan Opera, em Nova Iorque, sob a direção de Placido Domingo, antecederam a récita desta noite da "Tosca", de Puccini, com a interpretação d'"A Marselhesa", na versão original, numa homenagem às vítimas dos ataques, a que se juntou o público presente, segundo as agência internacionais.

O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou hoje, em comunicado, os atentados de sexta-feira em Paris, que causaram pelo menos 129 mortos, entre os quais dois portugueses, e 352 feridos, 99 em estado grave.

Os ataques ocorreram em pelo menos seis locais diferentes da cidade, entre eles uma sala de espetáculos e o Stade de France, onde decorria um jogo de futebol entre as seleções de França e da Alemanha.

MYDM // MAG

Lusa/fim