Com uma pontuação de 65,5 em 100 no desenvolvimento sustentável, São Tomé e Príncipe tem melhor desempenho do que a média da região da África Subsariana, de 53,8.

Trata-se de um relatório realizado por cientistas independentes para a ONU, que avalia o desempenho de 162 países nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável assumidos na Agenda 2030, apresentado na quarta-feira em Nova Iorque.

O extenso relatório conclui que, como muitos dos 162 países, São Tomé e Príncipe ainda não conseguiu garantir nenhum dos ODS e, por outro lado, o país enfrenta "grandes desafios" em sete objetivos, "desafios significativos" para seis categorias e alguns desafios para outras quatro.

Os números mais positivos de São Tomé e Príncipe enquadram-se no ODS 12 - de produção e consumo sustentáveis e proteção da vida marinha - ODS 14.

Os desafios mais graves para São Tomé e Príncipe situam-se nos ODS de erradicação da pobreza (n.º 1), saúde de qualidade (n.º 3), igualdade de género (n.º 5), água potável e saneamento (n.º 6), energias renováveis e acessíveis (n.º 7), trabalho digno e crescimento económico (n.º 8) e indústria, inovação e infraestruturas (n.º 9).

Através de um sistema de cores, pode ver-se que os grandes problemas nos ODS são comuns na África Subsariana e afetam a quase totalidade dos países incluídos.

O desempenho dos países foi avaliado de acordo com vários indicadores dentro de cada objetivo de desenvolvimento sustentável.

No ODS da pobreza, São Tomé e Príncipe é avaliado de forma negativa por causa de 19% da população que vive com menos de 1,90 dólares (1,70 euros) por dia e 50,6% que vive com menos de 3,20 dólares (2,90 euros) por dia.

O país foi também avaliado de forma negativa em vários indicadores do ODS de saúde, como taxa de mortalidade materna (156 em 100.000 partos) e o índice de tuberculose (118 em 100.000 pessoas).

O relatório indica que cerca de 80% da população são-tomense tem acesso a água potável, um número ainda considerado baixo e que 40% usa serviços de saneamento básicos.

Cerca de 65% da população tem acesso a eletricidade e 17% tem acesso a "combustíveis limpos" e tecnologia para cozinhar.

O relatório apela para o acesso universal a serviços básicos como saúde, higiene, saneamento, educação, habitação e segurança como pré-requisitos para a erradicação da pobreza e avanços no bem-estar humano, com especial atenção às pessoas com deficiências e outros grupos vulneráveis.

De forma geral, o relatório conclui que as mudanças e o desenvolvimento sustentável do mundo são demasiado lentos e não vão garantir o cumprimento dos ODS até 2030.

A ONU considera que os países em desenvolvimento precisam de crescer de forma mais rápida, mas que crescer sem preocupação pelos impactos ambientais ("crescer primeiro e limpar mais tarde"), não é uma opção.

Já os países desenvolvidos necessitam de alterar as dinâmicas de produção e consumo, com limitação de combustíveis fósseis e plástico e com incentivos ao investimento público e privado alinhado com objetivos de desenvolvimento sustentável.

O relatório de desenvolvimento sustentável, produzido por uma equipa de 15 especialistas independentes eleitos pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, é o primeiro a avaliar o cumprimento dos ODS, adotados há quatro anos.

O documento de 480 páginas vai ser lançado oficialmente no fórum político de alto nível para o desenvolvimento sustentável da ONU (SDG Summit), que se realiza em 24 e 25 de setembro em Nova Iorque.

EYL // FST

Lusa/Fim