A Microsoft anunciou uma nova vaga de despedimentos que irá afetar cerca de 9.000 trabalhadores em todo o mundo — cerca de 4% da sua força laboral global — naquela que é a segunda ronda significativa de cortes efetuada este ano pela gigante tecnológica norte-americana.

Este novo ajuste surge após os cortes já realizados em janeiro (2.000 postos) e maio (6.000), alegadamente por motivos de desempenho. Ao longo de 2024, a gigante norte-americana, já eliminou mais de 7% da sua força de trabalho total, que contava 228.000 colaboradores no final de junho.

Os cortes não estão concentrados numa área específica e refletem o esforço da empresa em racionalizar a sua estrutura, numa altura de forte investimento em inteligência artificial e sob a pressão económica crescente em todo o mundo.

Satya Nadella chegou a dizer recentemente que, um terço do código da empresa é atualmente gerado por software. Dados do estado de Washington, onde está sediada a Microsoft, indicam que engenheiros de software representaram 40% dos postos eliminados em maio.

A Microsoft posiciona-se como uma das empresas na linha da frente da corrida global pela comercialização da IA. Para isso, comprometeu-se a investir cerca de 80 mil milhões de dólares em infraestruturas de data centers até ao final do ano fiscal, que terminou a 30 de junho.

O impacto desta estratégia já se faz sentir em diversas áreas do grupo: desde o despedimento de 2.500 trabalhadores da divisão de videojogos Xbox até ao corte de cerca de 1.000 postos nas unidades de realidade aumentada (HoloLens) e de cloud computing (Azure).

Embora os resultados financeiros da empresa tenham superado as expectativas no trimestre encerrado em março — com um desempenho robusto da sua divisão de cloud — o objetivo atual passa por manter equipas mais ágeis e estruturas menos hierarquizadas.

Mas este movimento não é isolado, nota-se uma tendência mais ampla nas tecnológicas norte-americanas. A Amazon, por exemplo, tem alertado para o impacto da IA nos empregos administrativos. Andy Jassy, CEO da empresa, reconheceu recentemente que a automação está a gerar ganhos operacionais na rede logística e que será inevitável uma redução na força de trabalho empresarial.

A gigante do comércio eletrónico cortou 27.000 postos em 2023 e voltou a reduzir centenas de funções na sua divisão AWS em 2024.

Neste novo paradigma, onde a promessa de eficiência impulsionada por inteligência artificial se cruza com a necessidade de contenção de custos, as Big Tech reavaliam o seu modelo operacional. E começa a ser evidente que o futuro do trabalho no setor tecnológico será definido pelo homem, mas executado pela máquina.

Com informações Financial Times