"Até 2026 nós queremos ter 60% dos serviços governamentais colocados à disposição dos cidadãos digitalmente e até 2030 termos valores acima dos 80%", traçou o também ministro da Finanças e da Economia Digital de Cabo Verde, na abertura de um workshop que decorreu na cidade da Praia sobre os "Desafios da transformação digital no setor de pagamentos" no país, que antecede ao IX Encontro de Sistema de Pagamentos dos Bancos Centrais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Em março, numa entrevista ao Expresso das Ilhas, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Edna Oliveira, também presente hoje no workshop, revelou que apenas 7% dos serviços públicos são prestados por via digital.

O vice-primeiro-ministro reafirmou a ideia de trabalhar Cabo Verde numa "Nação digital", considerando que para que isso aconteça é preciso que "os dados se movam e não as pessoas".

"Porque hoje as pessoas movem-se durante todo o dia, e muitas vezes, desnecessariamente, implicando custos de tempo, custos financeiros, burocracias, chatices, quando temos tecnologias que possam permitir que os dados se movam e as pessoas, de qualquer lado e a qualquer hora do dia, possam ser servidas, seja com serviços governamentais, mas também com serviços privados", constatou Olavo Correia.

Capturação e compartilhamento de dados entre os ministérios e instituições, administração digital, inovação, centralização, interoperabilidade, inclusão digital e governança digital foram outros aspetos apontados pelo ministro.

"Para fazermos isso, temos de pensar grande, temos de ser ousados e temos de ser rápidos", desafiou ainda o governante, para quem o Governo digital não é apenas uma questão de tecnologia, mas sim de talento, capital humano, atitude e visão.

"A tecnologia tem que estar ao serviço disto tudo e não ao contrário, a tecnologia tem de estar ao serviço das pessoas e não as pessoas ao serviço da tecnologia", insistiu Correia, sublinhando a importância da inclusão digital e da cidadania digital, para incluir todos.

Outro desafio apontado pelo ministro é a segurança cibernética, considerando que este aspeto não deve ser um "álibi" para as instituições deixarem de fazer o que tem de ser feito.

"Nessas reformas todas, temos de ser transparentes e honestos com os nossos concidadãos, porque é algo que é imprescindível nisto tudo, que é o invisível, mas que é chave, a confiança. Sem confiança não podemos construir e edificar uma economia digital", entendeu.

Para criar essa Nação digital, Olavo Correia apontou a "agenda forte" do Governo, com a criação de uma zona especial para o setor, um quadro legal que está a ser ultimado e investimento nas infraestruturas.

Com o workshop, o BCV pretende promover o alargamento do debate em torno da inovação e transformação digital no setor dos pagamentos também à comunidade financeira e a todos os intervenientes do mercado.

O IX Encontro de Sistema de Pagamentos dos Bancos Centrais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa vai decorrer durante os próximos três dias, na cidade da Praia, tendo como tema principal a "A inovação digital como estratégia de transformação do Sistema de Pagamentos".

"A inovação digital no mercado de pagamentos de retalho"; "Iniciativas facilitadoras de inovação de pagamentos e inclusão financeira" e "O futuro... a Moeda Digital de Banco Central" são alguns dos temas a serem discutidos no encontro, que acontece pela segunda vez em Cabo Verde, e que contará com a presença de representantes dos bancos centrais de todos dos países da CPLP.

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