
Nos últimos anos, os direitos de imagem digital tornaram-se um dos ativos mais estratégicos no ecossistema desportivo. Com a ascensão das redes sociais, do streaming e da economia digital, a forma como o desporto é consumido e monetizado sofreu uma revolução, criando novas oportunidades e desafios para atletas, clubes, federações e marcas.
1. O VALOR COMERCIAL DOS DIREITOS DE IMAGEM DIGITAL
O desporto é um dos produtos culturais e emocionais mais relevantes a nível global. Os atletas com grande audiência nas redes sociais tornaram-se verdadeiros canais de media, impactando diretamente as receitas de patrocínio e licenciamento. Em desportos como o futebol, o ténis, o basquetebol, etc., os grandes atletas geram valor de exposição que vai para além do campo de jogo. No desporto feminino, a crescente profissionalização e digitalização do consumo desportivo abriram novas oportunidades para as atletas construírem e rentabilizarem as suas marcas pessoais de forma autónoma e global.
2. ENTIDADES DESPORTIVAS E ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO DIGITAL
Para os clubes, federações e organizações desportivas, a gestão dos direitos de imagem digital é um tema cada vez mais relevante, tanto do ponto de vista comercial como do branding. Algumas das principais estratégias incluem:
- Licenciamento e Parcerias: as entidades desportivas negoceiam diretamente com as marcas para integrar os atletas nas campanhas, criando valor adicional para os patrocinadores e parceiros comerciais.
- Plataformas proprietárias: a criação de conteúdos exclusivos em plataformas proprietárias (aplicações, OTTs, redes sociais dedicadas) permite um maior controlo sobre a narrativa, a audiência e a monetização.
- Ativos digitais de última geração: o investimento em NFTs, bilhetes para NTFs e outros colecionáveis digitais ou experiências imersivas tem crescido como forma de expandir as ligações com os fãs e criar novas fontes de receita.
[Veja aqui o Late Light IT “O Impacto das Tecnologias no Desporto”]
3. OS MODELOS INOVADORES E O PAPEL DOS NOVOS JOGADORES
Empresas como a Patricof.co estão a liderar uma nova onda de investimento e monetização no desporto. Esta empresa, que reúne atletas de elite para investir em ativos coletivos como clubes, infraestruturas ou marcas, aposta fortemente no valor da imagem dos próprios atletas como fator de diferenciação e retorno.
Este modelo representa uma mudança de paradigma: os atletas deixam de ser apenas ativos mediáticos para se tornarem stakeholders e investidores, com controlo direto sobre os seus direitos de imagem e influência digital. Para além da Patricof Co (P/Co), outras entidades como a PlayersTV, a OVERTIME ou a UNINTERRUPTED exploram modelos centrados na autonomia criativa e comercial dos atletas.
4. DESAFIOS E OPORTUNIDADES FUTURAS
Com a fragmentação da audiência e a multiplicação dos canais digitais, a personalização da relação com os fãs tornar-se-á cada vez mais importante. Os atletas que conseguirem construir marcas autênticas, relevantes e consistentes terão uma maior capacidade de gerar valor.
Ao mesmo tempo, é essencial garantir a transparência, a proteção contratual e a literacia digital para os atletas, especialmente os mais jovens, que muitas vezes entram neste universo sem preparação. O papel das agências, clubes e organizações será cada vez mais o de educar, proteger e maximizar o potencial digital dos seus talentos.
Os direitos de imagem digital deixaram de ser apenas uma questão legal ou contratual para se tornarem uma ferramenta poderosa para gerar valor, influência e mais receitas no ecossistema desportivo. Saber ativá-los de forma estratégica, ética e inovadora é um dos principais desafios e oportunidades do desporto moderno.
Nuno Azevedo e Cardoso é CEO da PROPLAYER