O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR), José Manuel Santos, considera que o Ribatejo está a dar passos decisivos para se afirmar como um destino turístico de excelência, num percurso que conjuga tradição agrícola, natureza e inovação. Em declarações exclusivas ao Notícias do Sorraia durante a edição de 2025 da Feira Nacional de Agricultura (FNA), que decorre em Santarém, o responsável destacou a importância do certame para a promoção do território e traçou as linhas estratégicas que estão a guiar o futuro turístico da região.

“A agricultura é o principal produto turístico do Ribatejo. Por um lado, pelo que consegue induzir em termos de produção do setor primário para o turismo. Por outro, pela forma como contribui para a construção de uma identidade autêntica, que hoje é valorizada pelos mercados”, começou por afirmar José Manuel Santos, justificando a presença da ERTAR na feira como “inevitável” dada a relevância do evento para o setor.

Para o presidente da entidade, a ligação entre o turismo e a agricultura está cada vez mais enraizada: “O turismo, a hotelaria e a restauração têm aqui um filão para explorar. Há um número crescente de agroturismos e turismos rurais a nascer na Lezíria do Tejo. Estão a apostar em conceitos de farm, aproveitando mais o que a terra dá. É um conceito que não é novo, mas que no Ribatejo funciona particularmente bem.”

Apesar do crescimento da oferta rural e local, José Manuel Santos reconhece um desafio que continua por resolver: a escassez de unidades hoteleiras com dimensão. “Estamos preocupados em reforçar uma tipologia de oferta que ainda é escassa na região: a hotelaria. Não falo necessariamente de grandes hotéis, mas de unidades que possam robustecer e fortalecer o aparelho produtivo turístico. Sem isso, não conseguimos escalar a promoção do território.”

Ainda assim, o responsável faz questão de valorizar os investimentos de menor dimensão. “As pequenas unidades continuam a ter um papel essencial. Hoje, o perfil da oferta turística do Ribatejo é dominado pelo agroturismo, turismo rural e alojamento local. E são estas unidades que têm sabido dar uma imagem de um Ribatejo próximo da natureza, autêntico, que valoriza o setor primário e os produtos locais.”

José Manuel Santos mostra-se confiante na atratividade crescente da região: “Estamos a assistir à chegada de investimento em hotelaria, não só em Santarém, mas noutros concelhos. Se este ritmo continuar, daqui a três ou cinco anos teremos uma oferta mais equilibrada e estruturada. E isso vai permitir finalmente promover o Ribatejo com outra força.”

Outro setor em crescimento é o enoturismo. “É um produto em expansão. No Ribatejo, está a dar os primeiros passos. Mas há uma mudança clara: os produtores de vinho estão a perceber a oportunidade que o enoturismo representa”, afirmou. “Já vemos visitas guiadas, tours e até alojamento temático dentro das próprias quintas. O mercado internacional, especialmente o norte-americano e o brasileiro, procura este tipo de experiência.”

José Manuel Santos elogia também o trabalho da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo): “Tem havido um esforço incrível de melhoria da qualidade dos vinhos. E isso é essencial. O vinho é muitas vezes o ‘ponto de entrada’ para um turista, mas depois soma-se tudo o resto: a gastronomia, o património, a cultura, a sustentabilidade. O enoturismo acaba por ser um produto guarda-chuva.”

Sobre o posicionamento estratégico da região, o presidente da ERTAR revelou que foi iniciada, há dois anos, uma aposta clara na autonomia da marca Ribatejo. “Redefinimos a comunicação do Ribatejo para um destino mais sustentável, mais rural, mais ligado à natureza. Conferimos-lhe uma autonomia estratégica que não tinha. E já estamos a ver resultados, sobretudo na atração de investimento”, garantiu.

Enquanto presidente também da Agência Regional de Promoção Turística, José Manuel Santos acredita que o Ribatejo poderá, num futuro próximo, rivalizar em notoriedade com regiões mais consolidadas. “Não digo que venha a competir com o Alentejo em igualdade de circunstâncias, porque o Alentejo leva anos de avanço. Mas o Ribatejo tem todas as condições para ser o próximo grande destino turístico de Portugal. Esse é o caminho que estamos a fazer.”

Para que isso aconteça, o investimento em infraestruturas é fundamental. “Temos de conseguir atrair hotéis de quatro e cinco estrelas. Só assim poderemos penetrar em mercados internacionais, captar operadores, receber eventos, estar em feiras e começar a vender o destino com ambição.”

A concluir, José Manuel Santos deixou uma mensagem clara sobre a visão que guia o trabalho da ERTAR: “Hoje, os empresários e os municípios já percebem que existe uma estratégia para o Ribatejo. Existe uma ideia de futuro. E isso é essencial. O turismo tem de caminhar lado a lado com a agricultura. Este território merece crescer com identidade e com qualidade.”