O concelho de Vila Viçosa foi palco, nos dias 19 e 20 de maio, do exercício distrital de proteção civil ALCENTREX’25, promovido pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), através do Comando Sub-Regional do Alentejo Central. A iniciativa contou com a participação dos municípios de Évora, Mora e Vila Viçosa, e envolveu as estruturas locais de proteção civil, serviços municipais, bombeiros, forças de segurança, saúde e instituições sociais.

Desenvolvido em duas fases — CPX (Command Post Exercise), no dia 19, centrado na coordenação e planeamento, e LIVEX (Live Exercise), no dia 20, com ações no terreno — o exercício teve como objetivo testar os planos municipais de emergência e o Plano Distrital de Emergência de Proteção Civil de Évora.

Em Vila Viçosa, o cenário simulou um sismo, seguido de um incêndio urbano no Bairro Operário, colapsos de edifícios na Rua António Vidigal, vítimas soterradas e encarceradas, evacuação da Santa Casa da Misericórdia e instalação de um posto de triagem junto ao Centro de Saúde.

O presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Inácio Esperança, afirmou que «este exercício pretende mostrar às instituições que integram a Comissão Municipal de Proteção Civil, bem como à população, que os organismos existem, estão operacionais e preparados para intervir». Sublinhou que «não se trata de estruturas formais sem aplicação prática, mas de entidades com responsabilidades reais, que devem saber como atuar e onde recorrer em caso de emergência».

Para o autarca, «a proteção civil municipal tem um papel essencial e este tipo de ação permite operacionalizar o Plano Municipal de Emergência, testando a sua eficácia». Acrescentou que «será feita uma avaliação rigorosa para perceber se o plano respondeu às exigências do cenário simulado e se é necessário reforçar meios, envolver outras instituições ou rever mecanismos de articulação». Referiu ainda que «num cenário de catástrofe, é fundamental que haja redundâncias e respostas integradas, pois não se pode depender de uma única entidade».

De acordo com Inácio Esperança, «a população deve estar consciente de que existe uma estrutura preparada para atuar», embora tenha salientado: «esperamos nunca ter de a pôr em prática em situação real, mas, se for necessário, estamos prontos».

Do ponto de vista operacional, os Bombeiros Voluntários de Vila Viçosa assumiram uma posição central no exercício. O comandante da corporação, Nuno Pinheiro, destacou que «foi um simulacro com elevada complexidade, que envolveu incêndios, vítimas presas em escombros, evacuação de edifícios e resposta médica de emergência». Considerou que «este tipo de treino é muito importante para os bombeiros, pois permite testar a operacionalidade e ganhar experiência em cenários que, infelizmente, podem vir a ocorrer».

O comandante referiu ainda que «com a existência da Comissão Municipal de Proteção Civil, os bombeiros deixam de estar sozinhos na gestão das ocorrências». Segundo Nuno Pinheiro, «há agora uma estrutura por trás que permite partilhar responsabilidades e encontrar soluções mais eficazes». Sublinhou que «foi também possível testar o plano de emergência interno da Santa Casa da Misericórdia e instalar um ponto de triagem com apoio clínico, o que representa uma resposta mais completa».

Apontou ainda que «o envolvimento simultâneo de três concelhos — Évora, Mora e Vila Viçosa — tornou o exercício mais desafiante, mas também mais realista». Para Nuno Pinheiro, «é importante que a população compreenda a importância destes simulacros, mesmo que envolvam barulho, sirenes e circulação condicionada. São ações que nos preparam para servir melhor a comunidade».

O exercício contou ainda com a coordenação técnica do Serviço Municipal de Proteção Civil. O seu coordenador, Nuno Gonçalves, indicou que «o simulacro permitiu testar os serviços municipais e avaliar a capacidade de resposta num contexto de emergência multissetorial». Referiu que «o Serviço Municipal de Proteção Civil não atua isoladamente, mas em articulação com os vários serviços da autarquia e com os restantes agentes de proteção civil».

Para Nuno Gonçalves, «a missão da proteção civil municipal está bem definida, e é essencial termos equipas preparadas para responder aos desafios cada vez mais frequentes, agravados pelas alterações climáticas». Defendeu que «a informação à população sobre os riscos é tão importante quanto a capacidade de resposta das equipas técnicas».

«Trabalhamos para que a população esteja informada, preparada e protegida. Estes exercícios servem para treinarmos os procedimentos, afinarmos a coordenação e garantirmos que, no dia em que algo aconteça, a resposta será rápida e eficaz», afirmou.

Durante o exercício, a circulação automóvel foi temporariamente interrompida na Rua do Ponte, ruas transversais e Rua Manuel Lopes, entre as 08h00 e as 16h00 do dia 20 de maio, devido à movimentação de meios operacionais.

A avaliação final do ALCENTREX’25 será conduzida por observadores externos destacados pela ANEPC. Inácio Esperança sublinhou que «foram convidados avaliadores independentes para analisar o desempenho de todas as entidades, e só após essa avaliação será possível fazer um balanço final», embora tenha assumido que «o exercício decorreu com normalidade e os resultados, até ao momento, são positivos».

A realização do ALCENTREX’25 permitiu assim reforçar a articulação entre as diferentes estruturas de proteção civil do distrito de Évora e validar a capacidade de resposta dos concelhos envolvidos a situações de emergência complexas.