
A maioria dos municípios da União Europeia prevê aumentar o investimento na ação climática e em infraestruturas sociais nos próximos três anos, segundo revela a edição de 2025 do Inquérito do Banco Europeu de Investimento (BEI), hoje divulgada.
De acordo com os dados recolhidos, 56 % dos municípios inquiridos pretendem reforçar o investimento na redução das emissões de gases com efeito de estufa, enquanto 53 % planeiam aumentar a despesa em habitação social, escolas e hospitais.
O relatório foi apresentado durante uma conferência do Comité das Regiões Europeu, em Bruxelas, centrada nas necessidades de investimento urbano e na agenda política da União Europeia para as cidades.
A amostra do inquérito abrangeu 1 002 municípios da UE, representando cerca de 26 milhões de habitantes — aproximadamente 6 % da população europeia. Os municípios inquiridos variam em dimensão e abrangem todos os Estados-Membros. Em Portugal, participaram 28 autarquias. As capitais nacionais e os territórios extraeuropeus ficaram excluídos do estudo, à semelhança do inquérito anterior de 2022.
O documento aponta ainda que, embora as subvenções nacionais e europeias continuem a ser a principal fonte de financiamento, 61 % dos municípios manifestaram interesse em explorar alternativas, como a conversão de subvenções em garantias, com o objetivo de atrair mais financiamento de instituições, incluindo entidades bancárias.
Segundo Ioannis Tsakiris, vice-presidente do BEI, «num contexto de desafios crescentes, é imperioso garantir que cada euro investido produza o máximo impacto», destacando a importância de soluções de financiamento inovadoras para acelerar a ação climática e outras prioridades locais.
A publicação do BEI destaca também que cerca de metade dos municípios planeia reforçar os investimentos em medidas de adaptação às alterações climáticas, como a proteção contra inundações e incêndios. Contudo, muitos enfrentam dificuldades técnicas: cerca de 30 % assinalam escassez de peritos em avaliações ambientais e de engenheiros para a execução dos projetos.
Para responder a estas necessidades, o BEI disponibiliza apoio técnico e consultivo, colocando ao dispor dos municípios os seus engenheiros e economistas, bem como instrumentos estratégicos de financiamento.
A economista-chefe do BEI, Debora Revoltella, sublinhou que «em toda a Europa, os municípios revelam estar fortemente comprometidos com a transição ecológica», defendendo que esses compromissos exigem um apoio político e estratégico contínuo.
Kata Tüttő, Presidente do Comité das Regiões Europeu, referiu que «as vilas e cidades estão no cerne dos maiores desafios que a Europa enfrenta, desde a crise climática à emergência habitacional», realçando a importância da cooperação com o BEI para promover investimento público de qualidade e garantir a coesão territorial.