Sob o lema “Pelo Desporto popular, pelo associativismo, pela Liberdade de Correr!”, atletas, clubes e associações desportivas unem-se em torno do Manifesto Pela Liberdade de Correr, um movimento que defende o reforço da prática desportiva de matriz popular, com especial destaque para a corrida, e contesta medidas que limitem ou burocratizem o acesso à mesma.

O manifesto tem como um dos seus pilares o Artigo 79.º da Constituição da República Portuguesa, que consagra o direito à cultura física e ao desporto. Os subscritores afirmam que o atletismo, e em particular a corrida, têm sido historicamente veículos fundamentais para a concretização desse direito.

Apresentada como uma modalidade democrática e acessível, a corrida é destacada como uma atividade que não discrimina nenhum atleta, independentemente da sua origem, género, ideologia ou condição socioeconómica. O manifesto sublinha ainda o papel da corrida na promoção de uma cultura de respeito, solidariedade e desenvolvimento pessoal, fortalecendo laços sociais e incentivando a ética desportiva.

Um dos principais alertas do documento prende-se com a intenção de regular de forma excessiva a prática da corrida através da imposição de licenças ou obrigações federativas. Os subscritores consideram que tais medidas vão contra os princípios constitucionais e ameaçam o acesso livre de milhares de atletas amadores a provas e eventos, enfraquecendo o desporto popular e as estruturas associativas que o sustentam.

Defendendo que todos os atletas têm lugar na corrida, independentemente do tipo de prova ou do seu nível competitivo, o manifesto rejeita entraves de natureza monetária ou burocrática que limitem a participação em eventos desportivos como trilhos ou corridas de estrada.

O documento reafirma ainda o papel do Estado na promoção do desporto, lembrando que cabe às entidades públicas garantir o funcionamento das estruturas desportivas, e não transferir essa responsabilidade para os atletas através de uma lógica mercantilista baseada no princípio do “utilizador-pagador”.

Com este manifesto, os signatários pretendem mobilizar a comunidade desportiva para a defesa da liberdade de correr, afirmando essa mensagem em treinos, provas e publicações, e reforçando o valor da prática desportiva popular como expressão de um direito fundamental consagrado na Constituição.

Vários atletas da região já assinaram a petição pública. João Caniço e Madalena Fontinhas, atletas do 3B Triatlo de Benavente, José Fonseca, do Thomar Atletics, de Tomar, e Luís Monteiro, do S.C.D Glória do Ribatejo, foram os primeiros quatro corredores a manifestar-se contra a intenção da Federação Portuguesa de Atletismo em pôr em prática a licença que corresponde ao pagamento de uma taxa que pode chegar aos 35 euros por ano.