
A 9.ª Edição do Barómetro dos Internamentos Sociais (BIS) apresenta dados alarmantes sobre a situação dos internamentos inapropriados no Alentejo, uma região que enfrenta desafios significativos em termos de resposta de cuidados continuados e alternativas de internamento.
Em março de 2025, o Alentejo registou uma taxa significativa de internamentos inapropriados, com 36% dos casos a serem atribuídos à falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Esta situação, que tem vindo a agravar-se nos últimos anos, foi apontada como uma das principais causas de internamentos prolongados, evidenciando uma pressão considerável sobre os hospitais da região. A escassez de vagas nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) também se reflete no aumento dos internamentos, representando 39% dos dias de internamento inapropriado, um dado que se manteve consistente com as edições anteriores do barómetro.
No total, o Alentejo registou 28 internamentos inapropriados em março de 2025, representando 1% do total nacional. Embora este número seja menor do que em outras regiões, como Lisboa e Vale do Tejo e Norte, o impacto nos hospitais da região é considerável, devido ao número reduzido de alternativas e à necessidade de melhorar a articulação entre o SNS, a Segurança Social e as entidades do setor privado.
Além disso, os dados revelam que 45% dos dias de internamento inapropriado no Alentejo são causados pela falta de resposta da ERPI, o que confirma a escassez de recursos nas estruturas alternativas. Esse número continua a ser um dos maiores do país, o que coloca um peso adicional sobre os hospitais da região, já sobrecarregados.
As conclusões da 9.ª Edição do BIS destacam ainda a necessidade urgente de aumentar a disponibilidade de vagas nas ERPI e na RNCCI, uma medida que poderia aliviar o número de internamentos inapropriados e garantir que os doentes recebam os cuidados necessários em ambientes mais adequados. O aumento da articulação entre diferentes setores, incluindo Saúde, Justiça e Social, também foi apontado como uma solução eficaz para criar uma resposta integrada e mais eficiente.
No que diz respeito à valorização financeira, os internamentos inapropriados têm um impacto considerável no orçamento do Estado. Em março de 2025, estima-se que os custos com internamentos inapropriados tenham ultrapassado os 288 milhões de euros, um aumento significativo em comparação com os anos anteriores. Este aumento reflete a crescente pressão sobre os recursos de saúde e as dificuldades em fornecer cuidados adequados aos doentes em situações de internamento prolongado.
A implementação de modelos preditivos e a criação de novas soluções legislativas para agilizar os processos judiciais relacionados com pacientes em situação de dependência também foram recomendadas. Essas medidas visam garantir que a legislação atenda às necessidades atuais da população, evitando o aumento dos internamentos inapropriados e melhorando a eficiência do sistema.
Os dados do BIS indicam que, embora a região do Alentejo tenha registrado um aumento moderado nos internamentos inapropriados, o impacto nos hospitais locais é profundo. A falta de resposta da RNCCI e das ERPI continua a ser o principal desafio, e a região precisa de um esforço conjunto entre as várias entidades para garantir uma resposta mais eficaz e uma melhor qualidade de cuidados aos cidadãos.