
O Alentejo registou, em 2024, 606 ocorrências de incêndios rurais, representando 10% do total nacional, segundo o Relatório de Atividades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR) agora apresentado à Assembleia da República e ao Governo.
A área ardida na região Alentejo foi de 2 340 hectares, equivalente a 2% da área total nacional consumida pelas chamas. Os dados indicam um ligeiro aumento face ao ano anterior, quando se registaram 541 ocorrências e 1 246 hectares de área ardida no território alentejano.
Apesar de os números absolutos se manterem relativamente baixos, a percentagem de ignições em dias de elevado perigo no Alentejo foi de 40%, uma das mais elevadas do país, atrás apenas do Algarve (41%). A principal causa apontada para os incêndios na região foi acidental (48%), segundo o relatório.
Entre 2018 e 2024, o Alentejo apresentou uma média de 721 ocorrências anuais, em comparação com as 1 004 registadas anualmente entre 2001 e 2017, o que representa uma redução de cerca de 28%. Ainda assim, esta queda é menos acentuada do que a registada a norte do Tejo, onde a diminuição ultrapassa os 60%.
O relatório sublinha que o mês de setembro concentrou 92% da área ardida a nível nacional, num contexto de meteorologia extrema, o que também afetou parcialmente o Alentejo, embora com menor impacto do que no Norte e Centro do país. A região alentejana manteve-se abaixo das médias históricas de área ardida, ao contrário do que se verificou nas regiões mais densamente arborizadas.
No que respeita às metas estabelecidas pelo Programa Nacional de Ação do SGIFR, o documento identifica que várias continuam por cumprir. No Alentejo, destaca-se a insuficiente gestão de combustível e a necessidade de reforçar as ações de adaptação das zonas edificadas ao risco de fogo, nomeadamente através de programas como os “Condomínios de Aldeia” e “Aldeias Seguras, Pessoas Seguras”, cuja adesão permanece aquém das metas previstas para 2030.
A nível nacional, o relatório aponta uma redução sustentada do número de incêndios desde 2017, mas alerta para o aumento da área ardida em 2024, que atingiu os 137 651 hectares — um aumento de quatro vezes face a 2023 — e para o impacto do incendiarismo, responsável por 84% da área ardida com causa identificada. Registaram-se 16 vítimas mortais, das quais nove eram operacionais e sete civis.
O documento conclui que, apesar dos avanços verificados na prevenção e monitorização, subsistem fragilidades estruturais, nomeadamente na recuperação de áreas ardidas, coordenação operacional e concretização de projetos legislativos como a reforma do regime sucessório. O SGIFR apela a uma mobilização política reforçada para garantir o cumprimento das metas até 2030.