Projetos e associações nos distritos de Viseu, Guarda e Castelo Branco continuam a proteger o património natural da região

Assinala-se esta segunda-feira, 28 de julho, o Dia Nacional da Conservação da Natureza, uma data que pretende sensibilizar a população para a importância da proteção dos ecossistemas, da biodiversidade e do património natural. Instituído em Portugal em 1998, o dia celebra também a fundação da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), a mais antiga organização ambiental portuguesa.

Na região centro, particularmente nos distritos de Viseu, Guarda e Castelo Branco, várias associações e projetos têm desempenhado um papel relevante na promoção de práticas sustentáveis, recuperação de habitats e preservação da fauna e flora autóctones.

Recuperar e proteger: ações no terreno

Entre os projetos em curso destaca-se o trabalho da Quercus, com presença ativa em todo o país e núcleos locais na região. A associação tem liderado várias campanhas de conservação, como o projeto de preservação do mexilhão-de-rio (Margaritifera margaritifera), uma espécie ameaçada que habita os cursos de água do centro e norte do país. A iniciativa é financiada por fundos europeus e envolve instituições de ensino superior e autarquias locais.

Já em Castelo Branco, o destaque vai para o Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens (CERAS), gerido pela LPN. Em 2023, este centro acolheu quase meio milhar de animais feridos, como aves de rapina e mamíferos protegidos, com o objetivo de reabilitação e posterior devolução à natureza.

Rewilding Portugal aposta na renaturalização do Grande Vale do Côa

Outro exemplo de impacto regional é a atuação da Rewilding Portugal, com sede em Guarda, que desenvolve um trabalho de renaturalização e conservação no Grande Vale do Côa. A associação tem implementado projetos inovadores de restauração ecológica, promoção do turismo de natureza sustentável e reintrodução de espécies-chave, como o cavalo-garrano e o corço, com o objetivo de devolver equilíbrio aos ecossistemas e dinamizar economicamente as comunidades locais.

O trabalho da Rewilding Portugal insere-se no movimento europeu de rewilding e é financiado por programas internacionais como o Endangered Landscapes Programme, envolvendo parcerias com entidades públicas e privadas da região.

Movimentos locais com impacto regional

A ação no terreno é também levada a cabo por associações florestais e ambientais locais, como a Cedrus – Associação de Produtores Florestais de Viseu e a AFLOBEI – Associação da Beira Interior, que promovem a gestão sustentável das florestas, prevenção de incêndios e reconversão ecológica.

Em simultâneo, o movimento Plantar Portugal continua a mobilizar cidadãos e escolas para ações de reflorestação e agricultura biológica. As suas campanhas, com apoio de autarquias e voluntários, têm chegado a várias freguesias dos três distritos, promovendo a plantação de espécies autóctones e a recuperação de áreas ardidas.

Natureza em risco exige respostas urgentes

A data é também um alerta para os desafios ambientais que afetam o interior do país: desertificação, escassez de água, perda de biodiversidade e a pressão sobre os ecossistemas naturais. O papel do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) é determinante na gestão das áreas protegidas e no apoio a iniciativas de base local.

Num momento em que as alterações climáticas já se fazem sentir com maior intensidade, a participação da sociedade civil é cada vez mais crucial. A conservação da natureza depende de um esforço coletivo — das políticas públicas às ações comunitárias.

Em dia de celebração, o convite é claro: proteger a natureza é proteger o futuro. Seja através do voluntariado, da educação ambiental ou da adoção de práticas mais sustentáveis, todos podemos fazer a diferença.