O Centro de Inovação Social da Fundação Eugénio de Almeida (FEA) organizou, esta quinta-feira, 29 de maio, a quinta edição do CIS OPEN DAY. O evento decorreu nas instalações da fundação, em Évora, e procurou dar visibilidade a projetos de impacto social, fomentar parcerias e lançar novas propostas com potencial transformador, sobretudo em territórios de baixa densidade.

«É a quinta edição do Open Day, um dia que focamos em dar a conhecer à comunidade um conjunto de projetos que são apoiados no nosso Centro de Inovação Social», afirmou Henrique Sim Sim, coordenador da Área Social da FEA. Os projetos apresentados abrangem domínios como a educação, o envelhecimento, a economia e o ambiente. Segundo o responsável, tratam-se de respostas a «problemas complexos que requerem soluções diferenciadas» e que têm como objetivo envolver diversos atores sociais e comunitários.

Um dos momentos centrais do evento foi a apresentação da publicação Novas Soluções: Microfinanciamento de Impacto Social em Meio Rural, que propõe instrumentos financeiros inovadores para contextos marcados pela baixa densidade populacional. «É tão importante criar novos instrumentos de financiamento», sublinhou Henrique Sim Sim, defendendo que o microfinanciamento pode ser um catalisador para mudanças sustentáveis em territórios rurais. «Compreender como é que novos instrumentos de financiamento podem ser utilizados nos territórios de baixa densidade em que vivemos é fundamental», acrescentou.

Ao longo do dia decorreram ainda mesas-redondas, momentos de formação, apresentações de projetos por empreendedores sociais e espaços de networking, com o objetivo de «trazer mais atores para este desafio muito grande que é encontrar soluções novas para os problemas complexos que temos na sociedade».

Henrique Sim Sim chamou também a atenção para o contexto demográfico e social do Alentejo, onde se insere o trabalho do CIS. «Estamos num território de baixa densidade que tem vindo a perder população desde os anos 50. No Alentejo, perdia-se em média 14 pessoas por dia», lembrou. Esta realidade, agravada pela pandemia, exige respostas urgentes e articuladas: «A inovação social tem de estar muito atenta às alterações das dinâmicas sociais e funcionar como resposta para que a coesão social se garanta. Quando não temos coesão social, geram-se conflitos e tensões que impactam todos».

Para o coordenador da Área Social da FEA, é essencial mobilizar a sociedade em torno de causas comuns. «Um dos problemas que se acentuou com a pandemia tem a ver com o facto de ser necessário mobilizar mais pessoas para diferentes causas», disse. O papel da fundação, neste contexto, passa por dinamizar e facilitar o diálogo entre parceiros. «Nós temos tido o papel de tentar facilitar, agitar, colocar em diálogo diferentes parceiros, indicar caminhos e propostas que podem ser replicadas ou servir de inspiração. Nós estaremos sempre a facilitar. Somos um pouco polinizadores deste tema tão generoso que é a inovação social», afirmou.

Durante o evento foi também lançada oficialmente a 6.ª edição do concurso CIS EMPREENDE, que desafia empreendedores a apresentar ideias inovadoras com foco na sustentabilidade e transformação comunitária. «Queremos que estas ideias sejam apropriadas pelos atores locais e que possam ser concretizadas no território. O nosso papel é dar as condições para que isso aconteça», explicou Henrique Sim Sim.

Embora com atuação principal em Évora, o impacto do Centro de Inovação Social pretende abranger todo o território do Alentejo Central. «Tentamos que aquelas soluções que aqui possam ser geradas tenham impacto no território todo, não só no Alentejo, mas também onde existam problemas semelhantes. Estes empreendedores apresentam soluções muito bem fundamentadas que podem ser replicadas noutros contextos», concluiu.