
A atmosfera densa e nebulosa de Titã, a maior lua de Saturno, apresenta um comportamento misterioso, em vez de girar em linha com a superfície do satélite, ela oscila como um giroscópio.
Essa oscilação, que muda com as estações do ano, foi descoberta por uma equipa de investigadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, após 13 anos de observações feitas pela missão Cassini.
Os resultados da pesquisa, recentemente publicados no The Planetary Science Journal, mostram que a inclinação da atmosfera de Titã não está centrada no polo, como se esperava.
Em vez disso, a simetria do campo de temperatura atmosférica muda ao longo do tempo, sincronizando-se com o longo ciclo sazonal de Titã, que corresponde a quase 30 anos terrestres.
Lucy Wright, autora principal do estudo e investigadora de pós-doutoramento na Escola de Ciências da Terra de Bristol, destacou que o comportamento da atmosfera é “muito estranho” e sugere que algum evento no passado pode ter desviado o eixo de rotação da atmosfera, resultando nessa oscilação, o que é ainda mais intrigante, é a magnitude dessa inclinação parece variar de acordo com as estações de Titã, o que desafia as previsões anteriores.
O professor Nick Teanby, coautor do estudo e cientista planetário de Bristol, observou que, embora o movimento da atmosfera de Titã não seja influenciado diretamente pelo Sol ou Saturno, a direção da inclinação permanece fixa no espaço.
Essa descoberta acrescenta um novo mistério à compreensão dos fenômenos atmosféricos de Titã, o que pode ter implicações significativas para futuras missões espaciais.
A descoberta tem implicações diretas na próxima missão da NASA a Titã, a Dragonfly, o helicóptero semelhante a um drone, com lançamento previsto para a década de 2030, será impactado pelos ventos rápidos de Titã, que são cerca de 20 vezes mais rápidos do que a rotação da superfície do satélite.
Compreender como a atmosfera oscila com as estações do ano será fundamental para os engenheiros da NASA ao calcular a trajetória de aterragem da Dragonfly. A inclinação da atmosfera afeta a maneira como a carga será transportada pelos ventos, e essa pesquisa poderá ajudar a prever com mais precisão onde a missão irá aterrissar.
A pesquisa revela não apenas uma nova faceta da dinâmica atmosférica de Titã, mas também abre portas para o desenvolvimento de novas tecnologias e estratégias de exploração espacial.