Apesar da estabilidade na governação ser a grande incógnita desta legislatura, a subida do Chega e a hecatombe do Partido Socialista marcaram esta nova fase política e de relações parlamentares.

Durante o debate do programa de Governo, o primeiro-ministro Luís Montegro, reiterou o compromisso em manter um diálogo construtivo com o Partido Socialista, sublinhando que “vamos ser consequentes com o diálogo e compromisso”.

Numa altura em que o discurso político aponta mais para à convergência – com André Ventura (CH) e José Luís Carneiro (PS) a colocar-se na posição de oposição construtiva, sem levantar grandes problemas ao atual primeiro-ministro durante as primeiras horas de debate do programa de governo.

Na sua segunda intervenção, Luís Montenegro disse ainda que “o governo não entrou de pé direito, joga com os dois pés. É um governo polivalente, quer distribuir jogo e quer marcar golo”.

A metáfora futebolística estendeu-se ao desejo de colaboração com o PS: “Quero que, juntos, possamos fazer as jogadas que levem a marcar golos”.

Do lado socialista, José Luís Carneiro respondeu com muita abertura e exigências tímidas, sendo a estabilidade um desígnio assumido pelo potencial líder do PS.

O deputado garantiu ainda que o PS estará disponível para colaborar “no quadro da UE para assumir o compromisso de reconhecer a Palestina”, bem como na “reforma do Estado, para fazer do Estado mais eficiente”.

Lançou ainda o repto: “Estará o Sr. Primeiro-Ministro disponível para dialogarmos sobre a despartidarização dos lugares públicos?”

Carneiro assegurou também apoio no compromisso dos 2% para a defesa, e reforçou a linha de diálogo: “Com quem quer estabelecer diálogo?“

Montenegro respondeu com firmeza: “Quero fazer um diálogo político construtivo com o Partido Socialista”, garantindo ainda que “não deixaremos de fazer diálogo construtivo com o Partido Socialista, não será difícil continuarmos a convergir”.

Apesar de admitir que “muitos estão a declarar-se assustados com a mudança”, Montenegro considera que “o medo é bom sinal”.

Sobre o Chega, pouco foi dito — com Montenegro a rematar apenas que “veremos se há outras forças que ganham sentido de responsabilidade”.

Sem promessas de aumentos salariais e sendo a segurança e a estabilidade os novos chavões, o novo ciclo começa com gestos de aproximação e discursos de convergência.