Catarina Martins, eurodeputada e ex-coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), expressou, ontem, dia 24 de maio, alívio pelo facto de Mariana Mortágua, atual líder do partido, não ter apresentado a sua demissão após a derrota nas eleições legislativas de 18 de maio.

Em entrevista à CNN Portugal, Martins sublinhou a importância de manter a liderança do BE, especialmente com as eleições autárquicas à vista.

“Estou bastante aliviada por Mariana Mortágua não se demitir. Vamos ter eleições autárquicas daqui a poucos meses. Os partidos, mesmo quando estão em momentos muito complicados como o BE, têm de manter capacidade de organização e de resposta”, afirmou a eurodeputada, referindo-se ao momento difícil pelo qual o partido está a passar.

Catarina Martins destacou que seria “verdadeiramente irresponsável” o BE enfrentar um “vazio” na liderança num período tão complicado. “Pessoalmente, sei que este momento é muito difícil e estou muito grata à Mariana por assumir esta responsabilidade”, acrescentou.

Questionada sobre a situação do Partido Socialista (PS), que está a preparar-se para escolher um novo líder, Martins afirmou respeitar a decisão dos socialistas, mas considerou que não é “boa ideia” mudar a liderança a tão poucos meses das autárquicas.

A eurodeputada do BE referiu que a atual direção do partido se manterá em funções até às eleições autárquicas, mas que logo a seguir será convocada uma nova Convenção Nacional do BE.

Sobre a queda do Bloco de Esquerda nas legislativas, Martins reafirmou que a derrota não foi exclusivamente de Mariana Mortágua, mas de todo o partido. “A queda não foi da Mariana Mortágua, foi do Bloco de Esquerda todo. Foi de todos nós”, afirmou, sublinhando a importância de uma análise coletiva dos problemas do partido.

A ex-coordenadora do BE também abordou a polémica em torno do despedimento de mulheres que tinham sido mães recentemente, um caso que surgiu em 2022 e foi relembrado com a crise no partido.

Catarina Martins assumiu a responsabilidade pelo erro, explicando que a responsabilidade do caso deveria ter sido sua e não de Mariana Mortágua. “A Mariana Mortágua não esteve sequer envolvida neste processo”, reiterou, defendendo que o BE “não só cumpriu a lei como foi além da lei para proteger as pessoas”.

A entrevista ocorreu no mesmo dia em que Mariana Mortágua anunciou a convocação da XIV Convenção Nacional do BE para os dias 29 e 30 de novembro, um evento que abrirá um novo período de apresentação de candidaturas aos órgãos nacionais do partido.

A derrota nas legislativas de 18 de maio representou o pior resultado de sempre para o BE, que perdeu 154.818 votos em relação a 2024, passando de cinco deputados para um único parlamentar: a própria líder, Mariana Mortágua, que foi cabeça de lista por Lisboa.