
A Escola Básica 2 e 3 Fragata do Tejo, situada na Moita, no distrito de Setúbal, tornou-se sinónimo de medo para professores e auxiliares. Relatos de mensagens ofensivas, ameaças físicas e psicológicas, e atos de intimidação constantes revelam um ambiente insustentável para quem ali trabalha. Os docentes sentem-se desprotegidos e criticam a direção do agrupamento, liderada por Manuel Veva, por falhar na resolução dos problemas.

Ana Rita [nome fictício], professora com mais de 20 anos de experiência, foi vítima de uma das situações mais graves. Ao chegar à escola, encontrou um bilhete onde era insultada com palavras de baixo calão. “Chamaram-me ‘P** de m**** mal comida’. Senti-me humilhada e sem forças para continuar a dar aulas ali.”** Apesar de ter apresentado queixa, afirma que a única resposta da direção foi a promessa de uma investigação que nunca trouxe resultados. “Chegaram a insinuar que eu poderia ter escrito o bilhete a mim própria. É revoltante e desgastante.”
Este episódio não foi o único. Num outro incidente, um aluno de 15 anos entrou na sala de aula empunhando um guarda-chuva e ameaçou a professora. “A tua sorte é seres mulher, porque senão desfazia este guarda-chuva em ti.” O impacto emocional levou Ana Rita a pedir baixa psicológica, mas não sem antes constatar que outros colegas enfrentam desafios semelhantes. Muitos optam por períodos prolongados de afastamento, incapazes de suportar o clima de hostilidade.
Outro professor, Pedro F. [nome fictício], partilha que também já foi alvo de ameaças por parte de dois alunos. “Tentei impor respeito sem mostrar medo, mas é desgastante. Aqui, quem não cede ao medo acaba por sair exausto.” O docente reforça que muitos colegas optam por colocar baixa médica em vez de permanecerem no que descreve como um “cenário de guerra diária”.
O ambiente escolar está longe de ser um espaço de tranquilidade e aprendizagem. Mensagens de cariz sexual e ameaças verbais são frequentemente deixadas nos quadros das salas de aula, além de familiares de alunos dirigirem-se à escola para intimidar professores e auxiliares. Segundo os docentes, a direção da escola tem-se mostrado inerte, permitindo que os problemas se agravem.
O caso mais recente, envolvendo uma agressão a um aluno autista, foi o estopim para que os problemas internos da Fragata do Tejo ganhassem atenção pública. Uma petição ‘online’, que já reúne centenas de assinaturas, exige a demissão imediata de Manuel Veva e a implementação de medidas que garantam a segurança de todos os membros da comunidade escolar.
Enquanto os professores aguardam respostas concretas, o ambiente na escola continua dominado pelo medo e pela insegurança. Para muitos, a única saída tem sido a resistência ou o afastamento temporário, enquanto o futuro da escola depende de uma mudança urgente e decisiva.