Numa aparente ação de boicote aos trabalhos parlamentares, o partido EFF (Economic Freedom Fighters, em inglês), de esquerda radical, começou por se mostrar contra a presença do ex-Presidente sul-africano e Prémio Nobel da Paz, FW de Klerk, que iniciou o processo de transição democrática em 1994.

O líder do EFF, Julius Malema, insistiu, perante a impaciência da presidente da Assembleia Nacional, Thandi Modise, ex-comandante da ala armada do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), que era "um erro do parlamento convidar um assassino como De Klerk".

Malema exigiu que De Klerk deixasse a sala antes de o Presidente da República, Cyril Ramaphosa, proferir o seu discurso à nação.

"É um insulto para aqueles que morreram e foram torturados em Boipatong, pedimos a De Klerk que saia desta casa", reiterou o líder de esquerda radical.

Depois de Malema, foi a vez de deputados do EFF - terceira força política - interromperem insistentemente os procedimentos do parlamento, exigindo depois que o ministro das Empresas Públicas, Pravin Gordhan, fosse demitido do cargo.

Uma hora depois da agitação provocada pelo EFF, a presidente da Assembleia da República suspendeu os procedimentos na Assembleia da República, na Cidade do Cabo.

"Isto demonstra o nível a que desceu este país em termos de civismo e lei e ordem", referiu um comentador do canal de televisão sul-africano ENCA.

Ramaphosa, que deveria ter começado a discursar pelas 19:00 locais (menos duas horas em Lisboa), acabou por só começar a falar uma hora e 40 minutos depois, após terem sido retomados os trabalhos, por decisão da presidente da Assembleia, que ordenou aos deputados do EFF (44 lugares) que abandonassem o hemiciclo.

Seguiram-se 15 minutos de intervenções de vários partidos a exigir ação disciplinar do EFF, antes de o Presidente iniciar o discurso à nação.

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Lusa/fim