"Se nós compararmos os países em desenvolvimento e de desenvolvimento médio, como Cabo Verde, com os países desenvolvidos, ainda colocamos muito pouco dinheiro na investigação agrária", começou por analisar o ministro cabo-verdiano.

Gilberto Silva falava à imprensa, na cidade da Praia, no âmbito de um workshop internacional sobre a investigação, inovação e transferência de tecnologia para o desenvolvimento sustentável do setor agrário na África Ocidental e Central.

"Estamos num país com muitas prioridades em vários setores, educação, a nível social, nas infraestruturas, nos transportes, na saúde, e escolher de entre as prioridades as prioridades das prioridades nunca é fácil em países como o nosso e da nossa região, daí que há menos dinheiro colocado no setor da investigação, mas os países devem fazer esforço maior, no sentido de alocar mais recursos", exortou o titular da pasta da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde.

O governante notou que, nos últimos dois anos, Cabo Verde colocou "muito mais recursos" à investigação agrária e o objetivo é aumentar.

"Vamos nesta mesma senda até atingirmos aquilo que nós consideramos razoável para a produção de mais pacotes tecnológicos e para maior contribuição da ciência e tecnologia no desenvolvimento da agricultura", projetou Gilberto Silva.

O workshop, o primeiro do género realizado em Cabo Verde, é uma iniciativa do Governo e do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA), pretendendo ser um espaço de reflexão sobre o setor agrário na África Oeste e Central.

O público-alvo são os agricultores, produtores, organizações não governamentais, setor privado, associações, decisores dos setores público e privado, técnicos, investigadores e jovens e mulheres africanos à procura de novas oportunidades de autoemprego.

O encontro, que tem a duração de três dias, conta com a presença de vários parceiros nacionais e internacionais e de todos os membros do conselho de administração do Conselho de Oeste e Centro de África para Investigação e Desenvolvimento (CORAF), a maior plataforma de investigação e desenvolvimento agrário do continente.

No seu discurso, a presidente do INIDA, que também lidera o CORAF, Ângelo Moreno, considerou que a transformação da agricultura em África "é o novo desafio do século", entendendo que isso só será possível com base na investigação, inovação e transferência de tecnologias agropecuárias.

"A taxa de desemprego, as desigualdades de género, associadas ao problema ambiental em África, exigem tomada de decisões fundamentadas e sustentáveis a longo prazo", salientou a dirigente cabo-verdiana, para quem o encontro é um "marco" para o país e para África.

O CORAF tem como membros instituições de 23 países, abrangendo mais de 20 milhões de quilómetros quadrados de terra e 400 milhões de pessoas, em que mais de 70% vive em áreas rurais.

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