
Na reunião, concluída na passada quarta-feira, o Copom que é integrado por membros do Banco Central brasileiro, elevou a taxa básica de juros do país pela primeira vez em seis anos.
A ata destaca que ainda há uma "grande incerteza" sobre o "ritmo de crescimento da economia [do Brasil] no primeiro e segundo trimestres deste ano", devido ao preocupante aumento de casos de covid-19 em todo o país.
Mas, ao mesmo tempo, o Copom considera que "uma possível reversão económica" devido ao agravamento da pandemia "seria muito mais superficial do que a observada no ano passado" durante a primeira vaga de infeções, e "provavelmente seria seguida por outra rápida recuperação".
"O segundo semestre do ano pode mostrar uma recuperação robusta da atividade [económica], na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais ampla", afirmou a entidade.
Em 17 de março, o Copom decidiu elevar as taxas de juros da mínima histórica de 2% para 2,75%, num momento em que o país vive o pior momento da pandemia, com média de 2.000 mortes por dia.
O Copom optou por elevar as taxas em 0,75 pontos na tentativa de conter o aumento da inflação, pressionada principalmente pela subida dos preços dos alimentos.
Nesse sentido, o Banco Central brasileiro frisou que "o cenário atual não prescreve mais um grau extraordinário de estímulo" e, portanto, iniciou um "processo de normalização da taxa de juros".
Além disso, destacou que, apesar da recente aprovação de importantes reformas, "os riscos fiscais de curto prazo continuam elevados" devido ao agravamento da crise sanitária, que obrigou grande parte dos estados brasileiros a travar novamente alguns aspetos económicos para conter infeções.
A ata destacou que na próxima reunião da comissão "seria adequado um novo aumento das taxas de 0,75 ponto para dar continuidade" ao processo de normalização parcial do estímulo monetário.
No entanto, o documento frisou que esta previsão "pode ser alterada caso ocorra uma alteração significativa nas projeções de inflação ou no balanço de riscos" e com base na "evolução da atividade económica" e nas expectativas de inflação.
A economia brasileira caiu 4,1% no ano passado, o pior resultado anual desde 1996, e para 2021, segundo economistas consultados pelo Banco Central, crescerá cerca de 3,2%, em linha com a projeção do Governo.
O Brasil é atualmente o segundo país com mais infeções e mortes associadas a covid-19, registando mais de 12 milhões casos e 295.425 mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, embora nas últimas semanas tenha se posicionado como a nação com piores estatísticas diárias da doença.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.732.899 mortos no mundo, resultantes de cerca de 123,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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