
A posição do MUT-AMP foi expressa à agência Lusa pelo dirigente do movimento Adérito Santos no dia em que, de acordo com fonte sindical, cerca de 100 funcionárias de limpeza da empresa privada que presta serviço no Metro do Porto recusaram trabalhar "por falta de material de proteção", como luvas e desinfetante.
"É legítimo que as funcionárias se queixem. Também têm receio. É um dado novo que lamentamos porque as medidas, tal como tinham sido anunciadas, deixaram-nos satisfeitos. Agora, é preciso que as levem a sério, dando condições para o seu efetivo cumprimento", disse Adérito Santos.
A Metro do Porto e a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) revelaram há uma semana que estavam a reforçar a limpeza das suas viaturas, fazendo desinfeções diárias devido ao surto de Covid-19.
Em resposta a questões então colocadas pela Lusa, a Metro do Porto anunciou um plano para "desinfeção diária de todos os veículos, incluindo as cabinas de condução e os salões dos passageiros", bem como de "corrimões e outros pontos de contacto existentes nas estações subterrâneas".
A Metro do Porto acrescentou que nos dias seguintes iria "receber e imediatamente começar a utilizar equipamento de limpeza de largo espetro, mais eficaz e com garantias de uma higienização mais prolongada no tempo".
Já hoje, uma centena de funcionárias de limpeza da empresa privada que presta serviço no Metro do Porto recusou trabalhar porque "faltam luvas e desinfetante".
"Até haver luvas e desinfetante, as cerca de 100 trabalhadoras recusam trabalhar. Todos os funcionários, sejam da empresa do Metro ou de empresas ao serviço do Metro, têm de estar protegidos face ao coronavírus", afirmou Eduardo Teixeira, do Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas (STAD).
O responsável alertou que o plano de contingência da empresa Metro do Porto "deve ser abrangente a todos os trabalhadores" e garantir que empregados de empresas privadas contratadas, seja de segurança ou limpeza, "estão tão protegidos como os do Metro", caso contrário colocam-se em risco e colocam em risco os restantes funcionários.
O sindicalista esclareceu que, com isto, não pretende dizer que tem de ser a Metro do Porto a resolver o problema, mas que a questão tem de ser resolvida, sob pena de colocar em causa o restante esforço do plano de contingência.
"O plano de contingência da empresa só avança se todos os trabalhadores estiverem protegidos", vincou.
Contactada pela Lusa, fonte da Metro do Porto revelou estar a intervir junto da Via Porto, que detém a concessão do serviço, para "tentar resolver rapidamente" o problema junto da Iberlim, a empresa de limpeza em causa.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou no domingo o número de casos de infeção confirmados para 245, mais 76 do que os registados no sábado.
Entre os casos identificados, 149 estão internados, dos quais 18 em unidades de cuidados intensivos, e há duas pessoas recuperadas.
Lisboa e Vale do Tejo é agora a região que regista o maior número de casos confirmados (116), seguida da região Norte (103) e das regiões Centro e do Algarve (10). Há um caso nos Açores e cinco no estrangeiro.
O boletim epidemiológico assinala também que, desde o início da epidemia, a DGS registou 2.271 casos suspeitos e mantém 4.592 contactos em vigilância, menos do que no sábado (5.011).
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou hoje o Conselho de Estado para quarta-feira para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência, enquanto o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que Portugal e Espanha vão limitar a circulação na fronteira a mercadorias e trabalhadores transfronteiriços.
O Governo declarou na sexta-feira o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira, impondo restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
JGJ (ACG) // JAP
Lusa/fim