Os dados foram hoje avançados em Luanda pelo diretor nacional do Comércio Externo, Lukonde Luansi, na Conferência Agro-Indústria e Apícola, promovida pela Câmara de Negócios Angola-Espanha.

O responsável disse que, entre 2015 e 2018, o volume de negócios entre os dois países atingiu os 4,067 mil milhões de dólares (3,6 mil milhões de euros), com a balança comercial a favorecer Angola, cujas exportações renderam ao país 3,1 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros), enquanto as importações totalizaram 930 milhões de dólares (839 milhões de euros).

"Apesar desta balança positiva, as exportações angolanas para a Espanha foram maioritariamente constituídas pelos produtos petrolíferos, o que mais uma vez obriga-nos a diversificar a nossa base de exportação", referiu Lukonde Luansi.

Em declarações à imprensa, o responsável avançou que, em menor quantidade, são também exportados para o país europeu produtos do mar, nomeadamente mariscos e pescado, enquanto que de Espanha são importados principalmente produtos alimentares e alguns industriais para o processo de produção, nomeadamente maquinaria.

Por sua vez, o embaixador da Espanha em Angola, Manuel Gómez, disse que as relações entre os dois países datam do início da independência de Angola, em 1975, no âmbito comercial, salientando que a Câmara de Negócios Angola-Espanha impulsionou a presença das empresas espanholas em Angola, bem como das angolanas que querem explorar o mercado espanhol.

"Quer dizer que com esta câmara, nós temos agora a infraestrutura necessária para avançar no âmbito comercial", disse.

Manuel Gómez disse que o Governo da Espanha está aberto a apoiar qualquer projeto apresentado pelas autoridades angolanas, em todos os âmbitos da atividade económica.

Segundo o embaixador da Espanha em Angola, atualmente está disponível um financiamento de cerca de 1,5 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros), através do fundo que assegura os projetos espanhóis em Angola.

Relativamente aos desafios, o embaixador de Espanha em Angola apelou o Governo angolano a aprofundar a estabilidade económica, "mas sem perder de vista a necessidade do crescimento económico".

"Hoje, não basta que Angola consiga conter o défice, a dívida, a inflação ou a depreciação da moeda, tem que equilibrar os seus objetivos, apoiados pelo Fundo Monetário Internacional, com o necessário crescimento da produção e da renda, porque a população assim o requer", disse.

O diplomata espanhol frisou que para a construção do aparelho produtivo do país não se pode cortar imediatamente a importação, porque os bens intermédios, ou seja, as máquinas para as indústrias transformadoras ainda têm que ser importadas.

"Angola não pode herdar o desastre da América latina, cuja política de substituição de importações dos anos 70 conduziu à famosa década perdida. A substituição das importações deveria chegar por apoio ao setor produtivo, como se pretende com este evento", disse.

O diplomata espanhol realçou a "necessidade crucial" de Angola construir e modernizar as suas infraestruturas, sublinhando que "neste terreno a tarefa é enorme".

"Produção, transporte e distribuição de energia, redes de transporte de pessoas e bens, portos, aeroportos, estradas, caminhos-de-ferro, tratamento e distribuição de água são sem dúvida essenciais, bem como são necessárias infraestruturas de frio industrial, desenvolvimento de mercados, logística, infraestrutura de telecomunicações, hospitais, escolas, entre outros", apontou.

Em Angola, avançou Manuel Gómez, estão presentes 60 empresas espanholas, nas áreas de eletrotécnica, construção, estradas, agricultura, energia, água, turismo, esta última "com um projeto pioneiro de observação de aves".

"Atualmente, as empresas espanholas participam no desenvolvimento tecnológico e estratégico do país, assistimos a Angola-Telecom, o primeiro operador de telecomunicações de Angola público (em processo de privatização), estamos a realizar o Plano Nacional de Geologia para o Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, estamos a ajudar a organizar a logística e o funcionamento do Porto de Luanda, construindo as novas infraestruturas de ferro-carris, também em Luanda, fornecendo aviões de vigilância marítima do Ministério da Defesa", enumerou o embaixador espanhol.

Manuel Gómez destacou ainda que as empresas espanholas estão igualmente a apoiar a instalação da maior central de produção hidroelétrica do país e da maior escola de formação pesqueira de Angola, em Luanda, a ampliar a Assembleia Nacional e a construir hospitais e escolas, em várias províncias angolanas.

Uma delegação de 20 empresários espanhóis está presente em Angola para participar nesta primeira conferência da Câmara de Negócios Angola-Espanha.

NME/RCR // JH

Lusa/Fim