A pretensão da greve foi transmitida pelo coordenador da comissão conjunta representativa dos trabalhadores da Prodel, Fernando Pedrão Romão, que criticou a diferença "abismal" dos salários entre gestores e técnicos da empresa.

"O que a gente está a pedir não é aumento salarial, mas sim um equilíbrio entre os gestores e os técnicos, há uma diferença abismal em termos de salários, só no último grau de responsável na nossa empresa o salário pode pagar um técnico médio e superior e ainda restam 30.000 kwanzas [56 euros]", afirmou em declarações à Lusa.

Segundo o líder sindical, o aumento da massa salarial na ordem dos 19,2% foi acordado com o patronato em "reunião conjunta e consensual" de 20 de dezembro de 2021, mas em reunião de 24 de fevereiro passado o conselho de administração "não reconheceu o acordo".

"Mas, em contrapartida, vimos que o conselho de administração está a fugir a assumir as responsabilidades que acordou. Foi ele que assumiu que iria cumprir, nem que fosse com retroativos, e também podia ultrapassar as nossas expectativas em relação à tabela salarial", salientou.

A atual postura da entidade patronal, realçou Fernando Pedrão Romão, está a deixar os trabalhadores da Prodel "completamente desgastados e revoltados".

"Estamos a aguardar o salário do mês de março e caso não se venha efetivar, conforme os acordos, vamos convocar uma assembleia de trabalhadores para então a decisão da declaração da greve neste mês de março", disse.

O sindicalista realça que a pretensão da greve "é séria" e tudo depende do patronato: "Desta vez já não haverá contemplações, temos vindo a negociar há bastante tempo e, na verdade, estamos cansados e não temos mais moral para negociar".

"Estamos preparados para a greve com o lema 'quem tentar recuar pega a corda e se pendura', por isso o assunto é sério e já temos outra alternativa porque o patronato aceitou em ata partindo de base com um aumento na ordem de 19,2%", atirou.

Fernando Pedrão Romão denunciou ainda que a entidade patronal "não paga horas extras" e "inverte-as em folga violando a Lei Geral do Trabalho".

A reivindicação dos trabalhadores da empresa pública angolana de distribuição de eletricidade, referiu o sindicalista, já foi remetida ao Presidente angolano, João Lourenço, ao gabinete do ministro da Energia e Águas, ao conselho de administração da empresa, aos sindicatos, ao parlamento angolano e à Provedoria de Justiça.

DYAS // LFS

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