Em comunicado, Mais Sindicato, SBN - Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro e Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) afirmam que o BCP "precisou de três meses de reflexão" para subir em "míseros" 0,125 pontos percentuais a sua proposta de aumentos salariais deste ano, de 2,125% para 2,25%, e que estão "sempre disponíveis para a negociação" mas que os trabalhadores "merecem aumentos salariais justos" e sem perda rendimento.

A proposta do BCP aplica o aumento de 2,25% à tabela salarial e cláusulas de expressão pecuniária e passa o subsídio de refeição para 13,50 euros. Os sindicatos reivindicam aumentos de 6%.

No comunicado em que repudiam esta proposta, os sindicatos lembram que é feita após o banco ter tido, em 2023, lucros de 853 milhões de euros, "os mais elevados no histórico publicado", e rejeitam cada ponto da argumentação do banco.

Consideram os sindicatos que as previsões macroeconómicas do banco são "mais pessimistas do que as de todas as entidades nacionais e internacionais".

Sobre os problemas na operação da Polónia dizem que "os trabalhadores não devem pagar, mais uma vez, as aventuras desastrosas de investimento da administração" e consideram ainda que a proposta é também "uma vergonha" e desconsideração para com os reformados, que "deram o seu melhor para o banco ser o que é hoje".

Afirmam ainda os sindicatos que com esta proposta a administração do BCP mostra que já se esqueceu "dos tempos difíceis em que os trabalhadores contribuíram com uma percentagem dos seus vencimentos para garantir a sustentabilidade do banco e outros milhares foram forçados a aderir ao programa de redução do quadro de pessoal para salvar a instituição".

Também na semana passada o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) considerou "insuficiente e inaceitável" a nova proposta de aumentos salariais do BCP de 2,25%.

"Face aos resultados apresentados pelo BCP (856 milhões de euros), aos valores da inflação e do custo de vida atuais, o SNQTB mantém a sua proposta de atualizacão, devidamente fundamentada e ajustada à realidade do BCP, que passa por um aumento salarial de 5,8% para 2024", disse o SNQTB em comunicado.

O BCP tem contratação coletiva à parte da generalidade da banca que subscreve o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do setor. Nestas negociações, o grupo negociador da banca propõe aumentos de 2,5% (valor revisto face ao valor anterior de 2%), que os sindicatos também rejeitam.

A Caixa Geral de Depósitos tem igualmente contratação coletiva própria, sendo a última proposta do banco público de 3,4%.

No final de 2023, o BCP tinha 6.242 trabalhadores em Portugal.

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