O Governo dos Estados Unidos eliminou hoje a isenção de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China, como as enviadas pelos gigantes do comércio eletrónico Shein e Temu.

A decisão vem no seguimento de uma ordem executiva assinada pelo Presidente norte-americano Donald Trump, em 02 de abril, que põe fim à isenção para encomendas no valor máximo de 800 dólares (707 euros) a partir da 00:00 de hoje (05:00 em Lisboa).

As encomendas passam a estar sujeitas a uma tarifa de 30% do seu valor ou de 25 dólares (22 euros) por item, aumentando para 50 dólares (44 euros) por item a partir de 01 de junho.

Os Estados Unidos receberam mais de 1,3 mil milhões de encomendas deste género em 2024, de acordo com dados oficiais, um aumento aumento drástico em relação aos 139 milhões processados apenas uma década antes, em 2015.

A Casa Branca disse no início de abril que, em média, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos processa mais de quatro milhões destas encomendas por dia.

Washington defendeu o fim da isenção como “um passo fundamental para combater a atual emergência sanitária representada pelo fluxo ilícito de opióides sintéticos” vindos da China.

Para a Federação Chinesa da Indústria Ligeira, o fim da isenção “prejudica enormemente a ordem comercial normal entre a China e os Estados Unidos”.

Quando foi anunciado, no início de abril, a associação estimou que o projeto “impacta seriamente a indústria global” e “prejudica gravemente os direitos e interesses dos consumidores, incluindo os do povo norte-americano”.

Em 16 de abril, os correios de Hong Kong anunciaram a suspensão do envio de encomendas para os Estados Unidos, em resposta à imposição, “de forma abusiva”, de tarifas pelas autoridades norte-americanas.

“O Hongkong Post não vai definitivamente cobrar quaisquer tarifas aduaneiras em nome dos EUA e vai suspender a aceitação de envios postais que contenham bens destinados aos EUA”, refere um comunicado dos correios.

Os Estados Unidos “não estão a ser razoáveis, estão a intimidar e a impor direitos aduaneiros de forma abusiva”, refere o comunicado.

As encomendas passam a estar sujeitas a uma tarifa de 30% do seu valor ou de 25 dólares (22 euros) por item, aumentando para 50 dólares (44 euros) por item a partir de 01 de junho.

“Para o envio de artigos para os EUA, o público de Hong Kong deve estar preparado para pagar taxas exorbitantes e irrazoáveis devido aos atos irrazoáveis e agressivos dos EUA. Os outros envios postais que contenham apenas documentos, sem mercadorias, não vão ser afetados”, concluiu o Hongkong Post.

Em 15 de abril, o principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau e os líderes dos governos das duas regiões semiautónomas acusaram os Estados Unidos de impor tarifas para sabotar a China.

A Lusa perguntou aos Correios de Macau se a empresa vai seguir os mesmos passos da sua congénere de Hong Kong, mas o departamento postal não respondeu até ao momento.

Lusa