De acordo com dados do Banco de Cabo Verde (BCV) compilados hoje pela Lusa, em julho de 2020 esse 'stock', que corresponde a divisas para garantir as importações para o arquipélago, ascendia a pouco mais de 73.787 milhões de escudos (671,8 milhões de euros).

Em junho passado, esse volume caiu cerca de 57.089 milhões de escudos (519,8 milhões de euros), o que representa uma quebra de 22,6% no espaço de um ano, levando o BCV a reconhecer, que os dados preliminares "apontam para uma deterioração das contas externas".

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da ausência quase total de turismo - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19, tendo fechado o último ano com uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. Na prática, sem turismo, a entrada de divisas no país caiu fortemente, queda que não está a ser acompanhada na mesma proporção pelo volume gasto com as importações.

"O 'stock' das Reservas Internacionais Líquidas reduziu, em junho, cerca de 17 milhões de euros face a março de 2021, passando a garantir 6,76 meses de importações de bens e serviços projetadas para o ano de 2021", lê-se num relatório do BCV sobre a evolução dos indicadores económicos e financeiros, deste mês, e que refere que o mesmo 'stock', em dezembro de 2020, "permitia garantir 7,87 meses" de importações.

"O agravamento das contas externas estará a refletir a deterioração da balança corrente, em função sobretudo, do aumento das importações de bens e serviços", assume o BCV.

O relatório recorda que no primeiro trimestre de 2021, a balança corrente registou um défice de 6.674 milhões de escudos (60,7 milhões de euros), o que compara ao défice de 1.208 milhões de escudos (10,9 milhões de euros) registado no primeiro trimestre de 2020 - ainda antes da crise provocada pela pandemia -, crescimento, segundo o BCV, "explicado pelas reduções das receitas de viagens de turismo e de transportes aéreos na ordem dos 89 e 80%, respetivamente", bem como "das exportações de viveres e combustíveis nos portos e aeroportos internacionais em cerca de 40%".

O Governo cabo-verdiano avançou em julho com uma revisão do Orçamento do Estado, revendo em baixa o crescimento esperado do PIB do país para de 3,0% a 5,5% em 2021, quando no Orçamento anterior previa um crescimento económico de 6,8% a 8,5%.

PVJ // PJA

Lusa/Fim