As medidas, que incluem restrições à mobilidade, irão muito provavelmente afetar os bairros do sul da cidade com forte presença da classe trabalhadora, onde as taxas de contágio do vírus têm vindo a aumentar de forma constante desde agosto, disse hoje o conselheiro-adjunto da Saúde regional, Antonio Zapatero, numa conferência de imprensa.

O responsável explicou que, embora a situação na região de Madrid seja de crescimento sustentado do nível de infeções, é necessário antecipar e considerar "todo o tipo de medidas".

No próximo fim de semana, as medidas serão detalhadas, pretendendo-se baixar a curva do número de pessoas infetadas, porque existe um "relaxamento" do comportamento dos cidadãos que "não se pode permitir".

Zapatero esclareceu que "tecnicamente" não se deve falar de confinamento, mas salientou que, dada a situação epidemiológica na região, as autoridades devem "dar um passo em frente na linha do confinamento seletivo nas áreas de maior incidência".

Por outro lado, a entrada em vigor das novas medidas será imediata, "pode ser no domingo ou na segunda-feira".

"Madrid quer alisar a curva antes da chegada do outono e das complicações que o tempo frio pode trazer", disse Zapatero.

A capital de Espanha está inserida numa região que tem 6,6 milhões de habitantes, onde se têm verificado quase um terço das novas infeções diárias do país: durante a última semana o número de novos contágios parece ter-se estabilizado numa média de 8.200 por dia.

Os casos de coronavírus já ultrapassaram os 600.000 e já houve mais de 30.000 mortes desde o início da pandemia, sendo Espanha o país europeu atualmente mais duramente atingido pelo que alguns especialistas descrevem como sendo a segunda vaga da pandemia.

O país baixou significativamente em maio último a curva de contágios depois de ter passado por um dos confinamentos mais rigorosos em todo o mundo, mas desde terminou o estado de emergência em meados de junho, os surtos de covid-19 têm-se espalhado por todo o território.

As autoridades asseguram que estão agora a fazer mais testes e que mais de metade dos recém-infetados não apresentam sintomas, mas os centros de saúde estão a começar a ter dificuldades em lidar com o número crescente de doentes.

Nos hospitais, 8,5% das camas do país estão agora a tratar doentes com covid-19, mas em Madrid esse número aproxima-se dos 25%.

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