O turismo é a principal aposta de futuro e já representa a fatia-de-leão dos investimentos programados pela Quinta do Vallado, uma das mais antigas de vinhos no Douro, que data de 1726 e pertenceu a D. Antónia Ferreira, conhecida como a 'Ferreirinha.
Os investimentos que a administração da Quinta do Vallado decidiu avançar totalizam 8,1 milhões de euros, dos quais a maioria, 5,7 milhões de euros, serão aplicados na expansão do Quinta do Vallado Douro Wine Hotel, o ‘ex-líbris’ da casa de vinhos a nível de enoturismo, segundo anunciou João Ferreira Álvares Ribeiro, presidente executivo e presidente do conselho de administração da Quinta do Vallado.
O hotel vínico distribui-se por várias estruturas existentes na quinta do Douro, totalizando 19 quartos, e será alargado com mais 8 quartos e um spa, reabilitando “um armazém que era da Quinta do Cotto, numa última parcela de vinha que comprámos ao Champalimaud”, adiantou João Álvares Ribeiro..
O novo projeto de enoturismo na Quinta do Vallado é assinado pelo arquiteto Souto Moura, e deverá ficar concluído em 2027. “A arquitetura é uma vantagem competitiva muito importante nos projetos de enoturismo, leva mais pessoas a interessarem-se pela herdade”,sublinhou o gestor.
"Fomos dos primeiros no Douro a avançar com a atividade de enoturismo, em 2005, com o propósito de dar visibilidade à marca de vinhos”, realçou o CEO da Quinta do Vallado, referindo haver restrições ao desenvolvimento de mais projetos de cariz hoteleiro para enoturismo, uma vez que estes se têm de confinar a espaços existentes dentro da quinta.
É a principal razão pela qual a administração da Quinta do Vallado está a analisar investimentos de 14 milhões de euros na aquisição de duas quintas, no Douro e no Alentejo, para “crescimento na área dos vinhos e do enoturismo”.
“São investimentos que ainda não estão decididos, mas achamos que são muito interessantes, e estamos em fase de análise”, João Ferreira Ávares Ribeiro.
Propriedade da quinta alargada a duas famílias do Douro
Movimentando mais de 20 mil pessoas por ano, o enoturismo já assume um peso de 25% a 30% na faturação da Quinta do Vallado, que no ano passado foi de 12,4 milhões de euros, e no final de 2024 deverá crescer para 13 milhões de euros.
“Fomos dos primeiros no Douro a avançar com a atividade de enoturismo, em 2005, inicialmente com o propósito de dar visibilidade à marca de vinhos”, nota o administrador, enfatizando o peso crescente do enoturismo, ao ponto de se tornar predominante nos investimentos.
A Quinta do Vallado passou a ter uma nova estrutura acionista no final de 2023, continuando a ser detida em 50% pela família dos descendentes de D. Antónia Ferreira, a que se somam outros 50% que passaram para as mãos da família Moreira da Silva.
“Nesta nova realidade em que temos parceiros, estamos a olhar uma série de oportunidades e a tomar decisões relativamente a investimentos”, refere João Ferreira Álvares Ribeiro.
O presidente do conselho de administração da Quinta do Vallado enfatizou o objetivo de ter “uma gestão atual e competente”, mas sem “abandonar os valores da família, muitos deles implementados pela Ferreirinha, que era a minha tetravó, uma mulher visionária que deixou uma marca forte no Douro”.
Investimento de 1,4 milhões de euros em alojamento para trabalhadores
Outra parte relevante dos próximos investimentos na Quinta do Vallado refere-se à construção de alojamentos para trabalhadores, que somando o enoturismo e a área de vinhos totalizam 120 pessoas.
“Face às dificuldades de mão-de-obra, temos de ter alojamentos para as pessoas que vêm de fora”, salienta João Álvares Ribeiro, frisando que,"os trabalhadores são, cada vez, mais estrangeiros".Na área da vinha, “geralmente são pessoas da região, mas começa a haver muitos estrangeiros”, e na parte do turismo os respetivos trabalhadores “precisam sempre de alojamento”
“Já temos alojamentos para 20 trabalhadores, e arrendamos apartamentos em Foz Coa”, refere o gestor.
Os novos investimentos decididos pela Quinta do Vallado também contemplam 1 milhão de euros na expansão de vinhas.
“Nos vinhos, crescer em Portugal não é fácil, e há dez anos achávamos mesmo que era impossível”, ressalva João Ferreira Álvares Ribeiro.
“Até que tivémos o ‘milagre’ do turismo, que permitiu crescer muito em Portugal”, destaca o CEO da Quinta do Vallado, que fechou o ano de 2023 com 1,2 milhões de garrafas vendidas, e com um peso de exportação de 30%, especialmente para mercados como os Estados Unidos, Macau, Brasil ou países da União Europeia.
“Há uma situação incompreensível, que é a de se estar a importar vinhos de Espanha para o Douro. Não devia ser permitido, ou pelo menos devia ser mais controlado”, sustenta.