O dado foi avançado pela ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, após a entrega da proposta de OGE para 2021 à Assembleia Nacional, como determina a lei, antes do último dia de outubro.

Segundo Vera Daves, a despesa com a educação vai crescer mais 10% comparativamente ao OGE revisto de 2020, e a saúde vai registar também um crescimento, mas "não tão forte quanto a educação".

"Porque [a saúde] teve um crescimento mais forte no OGE revisto, há um conjunto de investimentos que já estão em marcha", disse a ministra, acrescentando que há um défice, contudo, as necessidades brutas de financiamento diminuem.

"No OGE revisto estávamos a falar de necessidades brutas de financiamento de 23% do PIB [Produto Interno Bruto], agora no OGE de 2021 estamos a falar de 16%", avançou.

Por sua vez, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, notou que o setor social vai absorver 38,5% da despesa fiscal primária, depois do setor económico que ficará com um peso específico de 15,5%.

"Se somarmos os dois setores veremos que esses dois setores no seu conjunto constituirão cerca de 54% da despesa fiscal primária prevista no OGE para 2021", referiu.

Manuel Nunes Júnior frisou que o país tem vivido uma situação de crescimento económico negativo desde 2016 e previa-se que 2020 seria o ano da retoma do crescimento económico.

"Nessa altura, prevíamos uma taxa de crescimento de 1,8%, fizemos a revisão do OGE 2020 e ao invés de começarmos a pensar num crescimento económico já prevíamos no orçamento revisto uma taxa de crescimento negativa", salientou o ministro, garantindo que, olhando para o evoluir da economia este ano, a taxa de crescimento será negativa, ao redor de 3,3%.

Num quadro de incertezas, Manuel Nunes Júnior disse que o executivo angolano optou por elaborar a proposta de OGE 2021 "com um preço suficientemente conservador", de 39 dólares (33,3 euros) o barril de petróleo, contra os 40 dólares perspetivados pelas agências e análise económica, para que não haja o risco de se voltar ao parlamento com um OGE revisto.

No entanto, com uma folga bastante apertada, Manuel Nunes Júnior admitiu que é possível que "haja este risco".

"Esperemos que não haja necessidade de termos que fazer uma nova revisão ao OGE que estamos agora a apresentar", referiu.

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