"Dentro daquilo que é possível, o Governo deve fazer um esforço para que haja medidas que compensem, que mitiguem e que amorteçam os efeitos negativos dessa subida de preços", apelou Jorge Carlos Fonseca, que cessa funções dentro de uma semana, em declarações aos jornalistas no Palácio Presidencial, na Praia, depois de receber o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas d'Abreu.

Os combustíveis aumentaram em média em Cabo Verde, na segunda-feira, quase 10% face ao mês de outubro e no último ano já acumulam uma subida de 60,7%, segundo dados da Agência de Regulação Multissetorial da Economia (ARME), devido ao aumento dos combustíveis no mercado internacional.

Cabo Verde está totalmente dependente da importação de combustíveis refinados, que por sua vez garantem cerca de 80% da produção nacional de eletricidade, o que já em outubro levou a um aumento médio das tarifas aos consumidores de cerca de 30%, também por decisão da ARME.

"Sabemos que há fatores que condicionam esses aumentos dos preços que não são totalmente controlados pelo Governo, são fatores externos", reconheceu Jorge Carlos Fonseca, mas pedindo ao Governo, liderado por Ulisses Correia e Silva, "mesmo num contexto de muitas dificuldades", devido à pandemia de covid-19 e à ainda lenta retoma económica, "um esforço" face à situação das famílias cabo-verdianas, numa altura em que se anunciam já aumentos em serviços de transportes.

"O Governo deve procurar neste contexto difícil encontrar e levar a cabo medidas que amorteçam os efeitos negativos da subida de preços", pediu Jorge Carlos Fonseca.

"É bom ver as experiências de outros países, porque isto é um fenómeno que não se passa só em Cabo Verde. Há medidas e tem que se ver se essas medidas podem ser aplicadas em Cabo Verde, se são adequadas, se podem ser adaptadas. Tem que haver soluções porque isto implica, realmente, dificuldades acrescidas às pessoas", apontou ainda o chefe de Estado.

Jorge Carlos Fonseca está a terminar o seu segundo e último mandato.

Em 09 de novembro toma posse como quinto Presidente da República de Cabo Verde José Maria Neves, antigo primeiro-ministro (2001 a 2016) cabo-verdiano.

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