"O embargo foi levantado desde 2010, já há uma lei que cria alguns mecanismos para que as pessoas possam exportar, particularmente para as ilhas do Sal e da Boavista. Agora é trabalhar para implementar a lei existente e se for necessário, depois introduzir melhorias", afirmou o chefe de Estado, na cidade das Pombas, concelho do Paul, no âmbito de uma visita que realiza a Santo Antão.

As declarações de José Maria Neves foram proferidas dois dias depois de o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, ter anunciado que as autoridades de Cabo Verde vão levantar parcialmente o embargo aos produtos agrícolas da ilha de Santo Antão, em vigor desde 1984 devido à praga dos mil pés.

"Anunciei hoje, a boa nova em Santo Antão, de que em breve, vamos levantar o embargo aos produtos agrícolas da ilha, em relação às ilhas do Sal e da Boa Vista", disse na terça-feira o chefe do Governo, que também está de visita àquela ilha, no norte do arquipélago e uma das de maior produção agrícola de Cabo Verde.

Nas suas declarações, o Presidente da República, que em 2010 era o primeiro-ministro de Cabo Verde, suportado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, agora na oposição) instou as autoridades a discutirem a resolução definitiva embargo dos produtos agrícolas da ilha de Santo Antão.

Segundo oo atual primeiro-ministro, suportado desde 2016 pelo Movimento para a Democracia (MpD), o Ministério da Agricultura está a trabalhar com a cooperação chinesa, através de um instituto de investigação da China, para encontrar "uma solução estruturante para a praga dos mil pés".

"Tivemos algum atraso por causa da pandemia, mas aguarda-se a qualquer momento a vinda de chineses, com experiência no assunto, para nos ajudar a mitigar os efeitos desta praga", afirmou o chefe do Governo.

Os mil pés, uma espécie de centopeia que come plantas, tubérculos e raízes, são conhecidos na ilha de Santo Antão desde os anos 70, quando surgiram no vale da Ribeira Grande, zona de agricultura de irrigação.

Contudo, há 38 anos tomaram a proporção de uma praga de tal ordem que as autoridades proibiram a exportação de produtos agrícolas de Santo Antão, deixando apenas que chegassem à vizinha ilha de São Vicente.

Em 2013, surgiu um foco em São Nicolau, mas que segundo o Ministério da Agricultura está controlado, e em 2021 surgiram dois casos na ilha de Santiago.

RIPE (PVJ) // PJA

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