A Oferta Pública de Aquisição (OPA) do banco BBVA sobre o Sabadell, ambos espanhóis, decorrerá entre 08 de setembro e 07 de outubro, disse nesta sexta-feira o BBVA.

Neste período, os acionistas do Sabadell poderão aceitar a oferta de compra feita pelo BBVA, que tem como objetivo o controlo total do Sabadell.

O resultado deverá ser divulgado entre 14 e 20 de outubro.

A Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) de Espanha autorizou hoje a OPA, que “se dirige aos 100% do capital social do Banco Sabadell, composto por 5.023.677.732 de ações”, lê-se num comunicado do supervisor espanhol.

O BBVA oferece 0,70 euros por cada ação do Banco Sabadell, assim como uma ação de nova emissão do BBVA.

Depois de conhecida a autorização da CNMV, o presidente do BBVA, Carlos Torres, disse que a OPA tem agora uma “lógica reforçada” e que é “muito atrativa” para os acionistas do Sabadell.

“Já era ao princípio e continua a ser, dada a evolução dos valores de mercado”, disse Carlos Torres, numa conferência com analistas.

“Mantemos a oferta que temos sobre a mesa, que é a que desejamos, e convidamos os acionistas do Sabadell a aceitá-la. Não vemos motivos para a mudar e por isso se mantém a oferta inicial, que agora tem um valor muito maior”, afirmou.

O diretor executivo do BBVA, Onur Genç, explicou, na mesma conferência, que o valor da oferta pelo Sadabell passou de 12.200 milhões de euros em finais de 2024 (pouco antes de ser anunciada a OPA) para 17.400 milhões em 04 de setembro.

O BBVA lançou a OPA sobre o Sabadell há mais de um ano.

No final de abril, a OPA foi autorizada pela CNMC de Espanha.

Dois meses depois, em 24 de junho, numa decisão inédita, o Governo de Espanha levou a OPA a Conselho de Ministros e estabeleceu que só a autoriza se os dois bancos mantiverem durante três anos personalidades jurídicas, patrimónios e gestões separadas.

O Governo poderá, no final dos três anos iniciais, prolongar esta exigência por mais dois.

O executivo justificou a decisão com a necessidade de proteção de princípios de “interesse geral”, previstos na legislação espanhola e que disse terem o aval da jurisprudência dos tribunais da União Europeia.

Esses critérios de “interesse geral” estão relacionados, segundo o Governo, com a garantia de financiamento de pequenas e médias empresas, a proteção dos quadros de pessoal dos dois bancos, a coesão territorial, objetivos de “política social” (como o acesso à habitação ou a atividade das fundações dos dois bancos), e a promoção de investimento em investigação e tecnologia.

A Comissão Europeia (CE) abriu um procedimento de infração contra Espanha por causa da legislação que permitiu ao Governo condicionar a fusão dos dois bancos.

Bruxelas “insta Espanha a cumprir a regulamentação bancária” da União Europeia (UE) e “a respeitar as liberdades fundamentais do mercado único”, lê-se num comunicado de 17 de julho da Comissão, em que se anunciou “um procedimento de infração” ao país por incumprimento de várias normas comunitárias e de um tratado europeu.

Em 11 de agosto, o BBVA decidiu avançar com a OPA, apesar das condições impostas pelo Governo.

O catalão Sabadell opõe-se à OPA e também o Governo de Espanha e o governo regional da Catalunha têm manifestado reticências em relação à fusão dos dois bancos espanhóis.

Além de partidos políticos e governos, a OPA foi criticada por cerca de 70 associações empresariais e sindicatos.

Se a OPA tiver sucesso, a fusão dos dois bancos criará uma entidade com perto de um bilião de euros em ativos, 135.462 trabalhadores em todo o mundo (dos quais 19.213 do Sabadell) e uma rede de mais de 7.000 agências.

Seria dos principais bancos europeus e ultrapassaria o CaixaBank (dono do português BPI) em ativos, posicionando-se como o segundo maior banco de Espanha em ativos.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50