“Maria Mathias Jewelry” é uma nova marca portuguesa de joalharia artesanal de luxo. Criada há três anos pela jovem Maria Mathias, 27 anos de idade, a marca conseguiu já implantar-se em Espanha, em parte devido ao facto de o atelier da empresa ser, atualmente, em Madrid, em virtude dessa ser a residência da designer.

Com a nova coleção, agora lançada, a Matiz, a marca quer, no entanto, dar-se a conhecer mais no mercado português para onde a fundadora não esconde o desejo de poder vir a instalar, num futuro, o seu atelier.

Em conversa com a Forbes, Maria Mathias explica que a sua marca surgiu em 2022, enquanto concluía o curso de joalharia em Lisboa, cidade onde nasceu. “O projeto teve início de forma muito pessoal: um amigo pediu-me um anel de noivado personalizado. Esse primeiro anel, feito com toda a minha dedicação e criatividade, deu o mote para tudo o que se seguiu”. Daí em diante, “os pedidos foram surgindo organicamente, entre amigos e conhecidos, as ideias e criações foram ganhando asas, e aos poucos surgiram pequenas coleções”, acrescenta.

Maria Mathias, fundadora e designer da marca. Foto: Simão Pernas

Com o cuidado artesanal e o toque exclusivo que caracterizam a marca, Maria Mathias aposta em peças com identidade e simbolismo, criadas com materiais nobres e de design intemporal, emocional e simbólico.

Brincos. Foto: Simão Pernas

A marca trabalha exclusivamente com prata, ouro, pedras preciosas e semipreciosas, provenientes de fornecedores portugueses e espanhóis. “A durabilidade, qualidade e nobreza da peça são fundamentais”, explica.

Conjunto de colares, brincos e anel. Foto: Simão Pernas

As peças produzidas incluem anéis, brincos, colares, pendentes, acessórios para o cabelo, botões de punho, entre outras. Para Maria Mathias, as peças favoritas são os anéis personalizados: “Cada um é um desafio criativo e uma peça de alma”.

Foto: Simão Pernas

Todo o processo, desde o esboço ao acabamento, é feito no atelier da marca, em Madrid, pelas mãos de Maria Mathias. A personalização está no centro da marca: “Os clientes podem criar uma peça de raiz ou transformar uma joia de família numa nova criação, carregada de significado”.

“Tudo o que tenho criado, desde o primeiro anel até à coleção Matiz, é reflexo da minha forma de ver o mundo e interpretar formas, cores e texturas da natureza. Muitas vezes, em simbiose com os sentidos de quem me procura para criar uma nova peça”, assinala a designer.

Imagem de brincos da primeira coleção de Maria Mathias, “Seed”. Foto: Luís Nobre Guedes, Ego Studio

Maria Matthias entrevistada pela Forbes. Foto: Simão Pernas

Como é que surge a ideia de ter um negócio que consiste em fazer joias com assinatura?
Sempre tive um gosto muito grande pela parte estética, a componente das joias, a vertente da arte. Eu comecei por tirar um curso de design na faculdade e desde muito cedo percebi que me faltava sempre uma parte de trabalho mais manual que não fosse apenas um trabalho de computador.

E quando descobri, finalmente, um workshop de joalharia, apaixonei-me. E, principalmente, à medida que ia fazendo anéis e peças e personalizando e criando peças à minha medida, ia-me apaixonando cada vez mais.

Que tipo de materiais utiliza?
Eu gosto, essencialmente, de trabalhar em metais nobres, prata 925 ou ouro. Não trabalho latão. Aquilo que mais gosto de fazer são peças personalizadas e dar acompanhamento ao cliente desde o dia um, isto é, criar uma peça que seja única e que tenha sempre acompanhamento, mesmo na manutenção que um dia mais tarde seja preciso.

E estamos a falar de anéis, mas não só. Que tipo de peças cria?
Anéis, brincos, colares, argolas de guardanapo feitas em prata.

Onde é que são feitas?
Trabalho em Madrid, onde estou há um ano. Comecei por estar instalada em Portugal e começar a minha marca em Portugal, mas, entretanto, casei-me. O meu marido vive em Madrid e eu também achei que era uma ótima oportunidade para abrir mercado. O meu plano é um dia voltar para Portugal e voltar a trazer a minha marca. Fui para Madrid também para abrir mais horizontes, ver se encontrava novas técnicas. Madrid também é uma cidade com muita arte, com muita cultura e sempre me chamou também muito a atenção, pois tem muita vida e o que também me fascina nas joias é poder descobrir novas texturas, alguma coisa diferente, alguns pormenores.

A personalização passa por dar atenção aos detalhes…
Gosto muito de dar atenção ao detalhe de cada textura, de cada pormenor, das pedras, da peça. As peças não são todas iguais. Alguns anéis, por exemplo, têm pedras semipreciosas, entre turmalinas, ametistas, pérolas, topázios, entre outras. Tenho um grande gosto por pérolas e gosto sempre de explorar diferentes texturas, diferentes peças e o que é que posso fazer com elas. Tenho sempre de fazer alguma coisa diferente, e é muito isso que eu também procuro, porque acho que o luxo muitas vezes não está no preço, mas sim na peça e no desenho da peça, e no toque que damos ao fazer cada peça.

“O luxo muitas vezes não está no preço, mas sim no desenho da peça”

Quanto aos clientes, a maior parte são espanhóis?
A maior parte são portugueses, entre os 25 e 35 anos de idade. Sou mais procurada por peças personalizadas, como é o caso de anéis de noivado, porque dou o tal acompanhamento desde o dia 1, que inclui uma entrevista feita por mim, em que me sento com o noivo, a ver o que é que ele procura, se já tem ideias; procuramos criar uma peça 100% original; sempre que me pedem uma cópia, não faço. Posso fazer algo parecido uma variante desse estilo, mas nunca faço uma cópia para que haja sempre uma componente personalizada.

Como idealiza a marca?
Gostava que fosse uma marca de luxo acessível, conhecida por toda a gente. A minha marca também é um bocadinho o que eu sou, com gosto que seja diferente. O meu gosto é dar joias às pessoas, criar uma história para o resto da vida e poder ajudá-las e acompanhá-las sempre.

“O meu gosto é dar joias às pessoas, criar uma história para o resto da vida e poder ajudá-las e acompanhá-las sempre”

Qual é o tipo de peça que tem mais procura?
O que eu tenho mais procura, sem dúvida, são os anéis de noivado; depois brincos de ocasiões: brincos para uma noiva usar no dia do seu casamento. Um outro tipo de trabalho que executo é agarrar em peças existentes e dar-lhes uma nova vida. Por exemplo, uma peça de uma avó que alguém tem, mas que não lhe serve ou que não gosta muito ou que já não utiliza e que gostava de transformar para criar algo que lhe dê uso: eu faço esse trabalho. Isso é possível também. Não só criar de novo, mas transformar. Vamos procurar alternativas. Vamos criar outro desenho. Renová-lo, dar-lhe outra vida. Mas manter sempre a essência de uma peça para a vida inteira.

Que valores têm as peças?
Podem variar dos 70 aos 200 euros, se for em prata; se for em ouro, já estaremos a falar de 1.500, 2.000 ou 3.000 euros. Temos também que levar em conta se a peça tem pedras semi-preciosas, por exemplo. O preço varia ainda da forma como a peça é feita e de todo o processo de desenvolvimento.