
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) considera que as reservas de ouro do BCE e de vários outros bancos centrais europeus, incluindo o Banco de Portugal, que se encontram guardadas nos Estados Unidos, estão “absolutamente seguras”.
Numa entrevista dada nesta segunda-feira à Agência Reuters, Luis de Guindos não se mostrou preocupado com as fricções existentes entre o presidente americano, Donald Trump,e o presidente da Reserva Federal (FED), Jerome Powell, que levarão à nomeação de um novo presidente da FED no próximo ano.
“Não sei quem será o próximo presidente da FED, mas espero que seja uma pessoa competente e sensata”, disse De Guindos, acrescentando que o repatriamento das reservas de ouro “nunca foi debatido no BCE”.
O vice-presidente do BCE também não se mostrou preocupado com a recente valorização do euro face ao dólar. “No curto prazo, o estatuto do dólar nos mercados internacionais não irá mudar. No médio prazo, se a Europa for mais independente, mais autónoma na sua defesa e se começarmos a fazer o que temos que fazer em termos de integração dos mercados financeiros, gradualmente o euro irá ganhar quota de mercado no comércio internacional”.
“Para já a nossa perceção é que a valorização do euro tem tido efeitos positivos no que respeita à evolução da inflação. Essa foi uma das razões que levou o BCE a rever em baixa aquele indicador para 2026 (1,9%)”, afirmou, acrescentando que “na minha opinião não vamos ter grandes mudanças em relação à estabilidade dos preços, embora todos os instrumentos à disposição do BCE se mantenham para uma possível utilização no futuro”.
“Euro digital não vai substituir o dinheiro físico”
Em relação ao euro digital, Luis de Guindos reafirmou à Reuters o empenho total do BCE. “Será algo muito importante para a Europa”, e acrescenta: “Vão existir novas leis nos Estados Unidos em relação às ‘stablecoins’, que vão passar a ser um meio de pagamento. As grandes novidades virão dos Estados Unidos. Na minha opinião, o euro digital será mais um meio de pagamento generalizado no espaço europeu, não vai pagar juros, nem vai substituir o dinheiro físico”.
Para aquele responsável os legisladores europeus têm que colocar de lado as suas dúvidas em relação ao euro digital, “a nossa opinião é clara: o euro digital é algo extremamente relevante e útil no contexto dos meios de pagamento europeus. Estou convencido de que os legisladores ficarão em breve convencidos das vantagens do euro digital”.