"Ninguém quer ser velho, mas todos fazem para cá chegar", disse Jerónimo de Sousa, numa visita à Comissão Unitária de Reformados, Pensionistas e Idosos de São João da Talha, em Loures, ao lado de Santa Iria da Azoia, onde vive.

No entanto, sustentou, a degradação das condições de vida provocada pelo aumento da inflação faz com que seja cada vez mais difícil chegar à idade da reforma e prejudica a vida dos reformados e pensionistas de hoje, que são a "geração de Abril" e "muito contribuíram para esta sociedade".

O Governo "fez uma coisa bem" quando decidiu atribuir mais meia pensão em outubro, mas este "pequeno aumento" é incapaz de fazer face ao "grande problema, que é com os preços", advogou o secretário-geral do PCP.

O dirigente comunista apontou a fixação de preços máximos nos bens essenciais como imprescindível, que conjugada com a atribuição de mais meia pensão "podia ser suficiente" para aliviar os bolsos dos reformados e pensionistas.

Na quinta-feira, no debate sobre política geral com o primeiro-ministro, Jerónimo de Sousa exigiu a António Costa "medidas corajosas" para contrariar os efeitos da inflação e considerou que a "decisão de cortar as pensões já em 2023" faz com que o Governo seja "cúmplice da extorsão dos grupos económicos".

Hoje acrescentou que a Segurança Social "é um bife muito apetitoso" para os grandes grupos económicos, que a "tentam adulterar" para ficar com "o montante de milhões e milhões de euros" e deixar apenas uma parte ínfima "para os pobrezinhos, negando às futuras gerações a possibilidade de, também com o seu desconto, criarem as condições para terem a sua reforma".

Por isso, o dirigente do PCP apelou à mobilização dos reformados e pensionistas para demonstrarem ao Governo socialista que são mais do que "velhos trapos abandonados".

"E perguntam-me: 'como vamos lutar?'. Há sempre uma possibilidade, há sempre um abaixo-assinado, não se considerem inúteis. Este é o desafio que está colocado. Idoso sim, mas com direitos", completou.

As palavras de Jerónimo de Sousa foram escutadas com atenção pela maioria dos cerca de 40 reformados e pensionistas que estavam naquela associação. Ao lado havia quem continuasse a jogar à bisca e o som do dominó partilhava o espaço com a voz do secretário-geral comunista, mas quase tudo parou no momento do apelo à mobilização contra as medidas em que "se dá com uma mão e se tira com a outra".

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