
O Brasil não acumulava investimentos estrangeiros em projetos produtivos no país tão altos no período de um ano desde julho de 2020, quando totalizou 62,8 mil milhões de euros, segundo dados divulgados pelo órgão emissor.
O investimento estrangeiro direto financiou com sobras o défice em conta corrente acumulado pelo Brasil nos últimos 12 meses até maio, já que a diferença negativa entre os recursos recebidos pelo país do exterior e os enviados para outros países atingiu 32,8 mil milhões de euros no período.
Esse saldo negativo, que equivale a 1,89% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, não é tão alto desde agosto de 2020, quando, no auge da crise causada pela pandemia de covid-19 o Brasil acumulou num ano um défice no saldo em conta corrente de 34,9 milhões de euros, o equivalente a 2,22% do PIB.
Segundo dados do Banco Central, nos primeiros cinco meses de 2022 o Brasil recebeu 39,7 mil milhões de euros em investimentos estrangeiros diretos, montante que indica um salto de 52% face aos recursos recebidos no mesmo período de 2021 (26,13 mil milhões de euros) e o maior valor para o período nos últimos 11 anos.
Para este aumento contribuiu o resultado de maio, quando o investimento estrangeiro direto totalizou 4,4 mil milhões euros, quase o dobro do mesmo mês do ano passado (2.233 milhões de euros).
Apesar do forte aumento do investimento de estrangeiros em projetos produtivos no país nos últimos meses, o Banco Central ainda mantém sua projeção de que esses recursos somarão 55 mil milhões de euros até ao final do ano, acima dos acumulados em todo o ano de 2021 (46,4 mil milhões de euros) e em todo o ano de 2020 (37,7 mil milhões de euros).
De acordo com essa projeção, o investimento estrangeiro no Brasil ainda não retornará aos níveis antes da pandemia, pois em 2019 totalizou 69,1 mil milhões de euros e em 2018 mais de 78 mil milhões de euros.
O nível atual, no entanto, é suficiente para financiar o défice em conta corrente, apesar de seu forte crescimento.
Segundo o Banco Central brasileiro, o saldo negativo em transações correntes acumulado nos primeiros cinco meses do ano atingiu 15,5 mil milhões de euros, com um aumento de 44,6% face ao mesmo período de 2021, quando o défice foi de 10,6 mil milhões de euros.
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