Os dados constam de um documento divulgado pelo Ministério da Economia e vão servir de base para o ajustamento de alguns cálculos do projeto de orçamento do país para 2022, enviado pelo Governo ao Congresso brasileiro em 31 de agosto e que deverá ser discutido e aprovado antes do final do ano.

Uma das prováveis mudanças será sobre o salário mínimo previsto no projeto inicial, que propunha um aumento de 6,2%, equivalente à inflação calculada anteriormente, e que assim atingiria 1.169 reais em 2022 (hoje cerca de 189 euros).

Esse ajuste aumentaria os gastos salariais do Governo e afetaria a projeção de défice para o próximo ano, até então calculado em 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), meta que, se alcançada, representaria uma melhora notável em relação aos 1,8% esperados para este ano.

Da mesma forma, a nova projeção de inflação e seu impacto no orçamento dificultariam os planos do Governo brasileiro de criar um novo programa de assistência aos mais pobres, que substituiria o Bolsa Família, criado em 2003 durante o Governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O projeto de orçamento submetido ao Congresso em 2003 incluía uma previsão de subsídio para cerca de 14 milhões de famílias de baixo rendimento estimada em 90 mil milhões de reais (atualmente cerca de 14,5 mil milhões de euros), equivalente a 0,5% do PIB do país.

A intenção do atual Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, porém, é substituir o Bolsa Família pelo programa já batizado de Auxílio Brasil e aumentar tanto o valor dos subsídios quanto o número de beneficiários.

No entanto, isso também dependeria de o Congresso aprovar uma proposta do Ministério da Economia para adiar por uma década o pagamento de dívidas judiciais que o poder executivo tem com terceiros e que também equivalem a 0,5% do PIB.

Essa proposta enfrenta alguma resistência política, até porque em 2022 o Brasil terá uma eleição presidencial em que Bolsonaro pretende renovar o seu mandato, embora até ao momento todas as sondagens coloquem o ex-presidente Lula da Silva, o maior antagonista do atual mandatário, como claro favorito.

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