
De acordo com o recente relatório do Banco de Cabo Verde (BCV), que detalha as importações e exportações do arquipélago, o país importou de janeiro a abril deste ano quase 4.132 milhões de escudos (37,5 milhões de euros) em todo o tipo de combustíveis.
Nos primeiros quatro meses de 2021, o custo com a importação de combustíveis por Cabo Verde rondou os 2.430 milhões de escudos (22 milhões de euros), segundo o histórico disponibilizado pelo BCV.
Cabo Verde não tem capacidade de refinação nacional e depende da importação de combustíveis fósseis também para a produção de quase 80% da eletricidade de que necessita.
Este agravamento nos custos com a importação de combustíveis, que acompanha a retoma da procura turística e da atividade empresarial no início deste ano, já reflete o aumento dos preços no mercado internacional após a invasão da Ucrânia pela Rússia e que levou o Governo cabo-verdiano a suspender, desde abril, o mecanismo de fixação de preços de venda aos consumidores.
As medidas de mitigação dos aumentos dos preços dos combustíveis devido ao impacto da guerra na Ucrânia vão exigir um esforço financeiro de 45,3 milhões de euros ao Estado de Cabo Verde, anunciou em 01 de julho o Governo cabo-verdiano.
O anúncio foi feito, na Praia, pelo ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, em conferência de imprensa para anunciar novas medidas para mitigar esses impacto, no dia em que o valor médio dos combustíveis à venda no país aumentou mais de 25%, para vigorar durante o mês de julho.
O ministro lembrou que desde início do conflito que o Governo tomou medidas emergenciais de estabilização dos preços, entre as quais a suspensão entre abril e junho do mecanismo de fixação de preços dos combustíveis, que evitaram que as famílias e empresas sofressem um impacto de mais de 300 milhões de escudos (2,7 milhões de euros).
A Lusa noticiou anteriormente que Cabo Verde importou o equivalente a 235 mil euros por dia em combustíveis em todo o ano de 2021, um aumento de praticamente 40% face ao ano anterior, segundo os dados do BCV.
O país comprou 9.453 milhões de escudos (85,8 milhões de euros) em combustíveis ao exterior em 2021. Em 2020, ano fortemente marcado pela pandemia de covid-19 e pelo confinamento generalizado, essas importações tinham custado a Cabo Verde mais de 6.793 milhões de escudos (61 milhões de euros), em combustíveis de vários tipos, contra os 9.164 milhões de escudos (82,3 milhões de euros) em 2019.
Em média, Cabo Verde passou do equivalente a 168 mil euros diários de combustíveis importados em 2020 para 235 mil euros em 2021, um aumento de 39,8%.
Como reflexo do progressivo aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais, os combustíveis à venda em Cabo Verde aumentaram de preço mais de 37% de janeiro a dezembro de 2021, segundo dados oficiais. De junho de 2021 a junho de 2022 esse aumento foi de praticamente 55%.
De 2019 para 2020, com a economia a crescer mais de 5%, a importação de combustíveis - necessária também para a produção de eletricidade - por Cabo Verde aumentou mais de 1%.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, considerou no final de 2021 que a crise energética é "uma outra crise que se junta à pandemia" de covid-19, que provocou uma recessão económica de 14,8% no arquipélago no ano anterior.
"Temos metas muito ambiciosas", sublinhou, remetendo para a vontade de ter as energias renováveis responsáveis por 50% da produção energética em 2030.
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PVJ // VM
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