"O Governo de Espanha manifesta a sua preocupação com a situação e segue de perto a evolução dos acontecimentos, em coordenação com as autoridades moçambicanas, tanto em Maputo como em Pemba, as Nações Unidas, a UE [União Europeia] e outros países membros", referiu um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha.

O executivo espanhol também "reitera a sua solidariedade" com o Governo moçambicano "na sua luta contra o terrorismo, e com o povo de Moçambique, especialmente com os cidadãos de Cabo Delgado, que sofrem há mais de três anos as consequências de um conflito que já causou mais de 2.000 vítimas e 650.000 pessoas deslocadas".

Moçambique é considerado desde 2019 um dos países prioritários africanos com quem a Espanha pretende estabelecer no futuro parcerias estratégicas.

O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou hoje, numa declaração à imprensa, um ataque armado à vila de Palma, apontando que "as forças de defesa e segurança estão a perseguir o movimento do inimigo e trabalham incansavelmente para restabelecer a segurança e a ordem com a maior rapidez".

O coronel Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa moçambicano, admitiu que as comunicações com Palma estão interrompidas, não havendo, até ao momento, informação sobre vítimas e danos causados.

Na declaração à imprensa de hoje, Omar Saranga referiu que o ataque realizado por grupos armados começou às 16:15 (14:15 em Lisboa) de quarta-feira, hora em que "terroristas atacaram a vila de Palma em três direções: cruzamento de Pundanhar - Manguna, via de Nhica do Rovuma e o aeródromo".

O Ministério da Defesa apelou para a população "se manter vigilante e serena enquanto procura espaços seguros", pedindo colaboração com as autoridades, "denunciando os terroristas e homens armados para a sua neutralização".

Várias fontes disseram na quarta-feira à Lusa que a população de Palma estava a abandonar a vila e a refugiar-se na mata, cenário também confirmado pelo Ministério da Defesa.

Ainda segundo testemunhos, trabalhadores de diferentes nacionalidades ligados a obras na região de Palma, onde decorrem os projetos de gás do norte de Moçambique, fugiram juntamente com a população após o ataque de grupos armados à sede de distrito, segundo testemunhos.

A vila acolhe várias empresas e pessoal devido aos investimentos ali em curso.

O número de trabalhadores afetados e nacionalidades é incerto, mas algumas fontes relataram à Lusa a situação em Palma, que até aqui tinha sido poupada a três anos e meio de insurgência armada em Cabo Delgado, que está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.

FPB (LFO) // LFS

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