"Dentro do programa financeiro de apoio às economias da África Central, o FMI irá reforçar e apoiar as receitas do Estado, e dentro desse programa de apoio às finanças e despesa pública o FMI vai dar um empréstimo de cerca de 600 milhões de dólares [541 milhões de dólares]", disse Rafael Tung Nsue Bilogo, que é também o conselheiro financeiro do Presidente da República, Teodoro Obiang.

Em declarações à Lusa à margem do "Seminário de Comunicação e Cooperação Financeira Internacional da Iniciativa 'Faixa e Rota'", que decorre até quarta-feira em Lisboa, Rafael Bilogo explicou que este programa surge na sequência de uma dificuldade financeira de 2016.

"Em 2016, as nossas economias da África central, a CEMCA, tiveram uma dificuldade a nível das reservas internacionais, então ficámos de acordo, todos os países, em ter programas bilaterais com o FMI e nesse programa de três anos a principal ideia é reforçar o Orçamento do Estado, e dentro desse programa financeira o FMI vai emprestar uns 600 milhões de dólares", apontou o governante, salientando que o valor não está ainda finalizado.

As declarações de Rafael Bilogo surgem depois de o ministro das Finanças ter dito que esperava um apoio do FMI na ordem dos 700 milhões de dólares [631 milhões de euros] e de o porta-voz do FMI ter dito, numa conferência de imprensa, que o valor do programa deveria ficar aquém dos 300 milhões de dólares [270 milhões de euros].

Na entrevista à Lusa à margem do encontro de hoje, o conselheiro financeiro de Obiang explicou que este valor é independente das necessidades de 2 mil milhões de dólares para diversificar a economia equatoguineense.

"O que falámos é de projetos de investimento, mas o FMI não empresa para investir", explicou, acrescentando: "Não se pode diversificar com o que receberemos do FMI nos próximos três anos, os programas de diversificação terão de ser mobilizados com outros fundos, que terão de ser de, no mínimo, de 2 mil milhões de dólares, ao longo de vários anos".

Na intervenção desta manhã, Bilogo tinha salientado as oportunidades de negócio no país, destacando o sistema financeiro: "O reforço do sistema financeiro será importante, em particular porque a taxa de bancarização é menos de 16%, estamos interessados em que instituições financeiras internacionais se estabeleçam lá, onde só há cinco bancos e o nível de depósitos é baixo".

No discurso, que serviu para apresentar o país aos investidores chineses e portugueses na conferência, Rafael Bilogo vincou, depois de enunciar os principais marcos da história da Guiné Equatorial desde 1470, que "nos últimos 20 anos a evolução económica foi caracterizada pela descoberta do petróleo", que permitiu ao país "ser o terceiro maior produtor da África subsaariana, a seguir a Angola e Nigéria, e uma melhoria nos dados económicos e o crescimento do PIB, tendo melhorado o clima de negócios".

A intenção, apontou o governante, é tentar recuperar o défice de infraestruturas que afeta a Guiné Equatorial durante a época colonial, "e se não fosse a cooperação intensa com a China, muitas das infraestruturas não teriam sido feitas".

A consequência, acrescentou, é que "a dívida externa do país representa cerca de 50% do PIB, 40% da qual é devida a instituições financeiras chinesas, e o Banco da China, que participou em vários projetos, perdoou parte da dívida", disse, agradecendo este apoio chinês.

MBA // PJA

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