
A construção das 105 casas na nova aldeia em Namanhumbir (fora da área concessionada à empresa) custou 10 milhões de dólares (oito milhões de euros), refere-se num comunicado da MRM enviado à comunicação social.
"Estamos a atingir o auge de um processo que levou algum tempo. As comunidades precisavam de ser convencidas de que a atividade da MRM iria beneficiá-las. A construção da aldeia foi sempre uma prioridade para nós, apesar das dificuldades impostas pela covid-19, num ano em que não tivemos receita nenhuma", disse o presidente da MRM, Samora Machel Júnior, citado no comunicado.
Segundo o documento, a nova aldeia e as terras agrícolas associadas cobrem uma área de 2.400 hectares, dispondo, além das casas, de infraestruturas de água e eletricidade, uma escola primária, um mercado, uma igreja, uma mesquita, um posto policial, um cemitério e um aterro sanitário.
A MRM avançou ainda que desenvolveu um centro de formação profissional dentro da aldeia, com um custo adicional de 1,4 milhões de dólares (um milhão de euros), que irá formar 2.100 jovens locais num período de sete anos.
"Isto tem um grande impacto nas nossas comunidades pois irá melhorar a sua qualidade de vida. Além disso, as novas casas vão impulsionar o desenvolvimento do nosso distrito", destacou a administradora de Montepuez, Isaura Máquina, também citada na nota.
Cada família, segundo a MRM, vai receber um título de propriedade para uma área de 5.000 metros cúbicos, que inclui a casa principal, todas as infraestruturas adicionais e dois hectares de terreno agrícola.
Segundo a empresa, que tem alertado para as consequências da mineração ilegal na região, desde o início do ano, regista-se uma tendência crescente de invasões na área, culminando em mais de 25 fatalidades.
A mina de Montepuez foi notícia a nível internacional no ano passado devido a um processo judicial.
Em janeiro de 2019, a Gemfields aceitou pagar, num acordo extrajudicial, 8,3 milhões de dólares (cerca de 7 milhões de euros, no câmbio atual) para pôr termo a 273 queixas de mortes, espancamentos e outras violações de direitos humanos junto à mina, executadas por seguranças privados e polícias, entre 2011 e 2018.
A empresa admitiu a existência dos incidentes, mas nunca a responsabilidade pela sua ocorrência.
A MRM possui 34 mil hectares de concessão para exploração de rubis em Cabo Delgado, no norte do país, e apresenta-se como a principal investidora na extração de rubis em Moçambique, sendo detida em 75% pela Gemfields e em 25% pela moçambicana Mwiriti Limitada.
De acordo com os dados avançados no comunicado, desde o início das operações, em fevereiro de 2012, a MRM gastou investiu 267 milhões de dólares (218 milhões de euros) na construção e operação da mina de rubis, tendo contribuído com um total de 144 milhões de dólares (118 milhões de euros) em impostos e taxas empresariais para o Governo moçambicano, além de ter disponibilizado 3,9 milhões de dólares ( três milhões de euros) para projetos ligados à conservação ambiental e desenvolvimento das comunidades da região.
LYN (EYAC) // PJA
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