Numa nota divulgada hoje, a Syrah Resources esclarece que a suspensão de operações logísticas na estrada que liga a mina de Balama à capital regional, Pemba, e ao porto de Nacala não afetou a produção da empresa, embora destaque que se trata da sua "principal rota de transporte".

"A mineração e processamento em Balama não foram afetados pela suspensão temporária da logística e movimentação de pessoal. A Syrah suspendeu viagens na estrada por uma semana devido a preocupações de segurança", acrescenta a empresa, que frisa que alguns ataques foram registados a 200 quilómetros da sua mina.

"A Syrah continua a manter contacto próximo com o Governo de Moçambique, autoridades de segurança e outras partes interessadas para monitorar a segurança na região e garantir a segurança dos seus funcionários e empreiteiros", acrescenta a companhia.

Os ataques começaram no dia 05 de junho e são os primeiros relatos de violência associada à insurgência no distrito de Ancuabe, a 100 quilómetros de Pemba, uma zona que até agora era considerada segura e que servia para abrigar deslocados.

A mina de Balama iniciou a produção comercial há quatro anos e foi destaque em dezembro, quando a Syrah anunciou um acordo com multinacional de veículos elétricos Tesla, que pretende usar grafite da mina, que é descrita como um dos maiores depósitos de grafite "de qualidade" no mundo pela própria companhia australiana.

Supõe-se que as ações em diferentes locais remotos do distrito de Ancuabe sejam desencadeadas por rebeldes em fuga da ofensiva militar que está em curso desde julho de 2021, com apoio internacional, no extremo norte de Cabo Delgado (distritos de Palma, Mocímboa da Praia e Muidumbe), na zona dos projetos de gás.

A província de Cabo Delgado (norte do país) é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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