
Os dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro serão divulgados na quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas os principais indicadores conhecidos permitem antever a evolução da economia após a alta de 1,2% registada no primeiro trimestre, quando a produção de riquezas no país voltou aos níveis antes da pandemia de covid-19.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), maior centro de estudos económicos do país, a economia brasileira contraiu-se ligeiramente no segundo trimestre face ao primeiro, mas teve um crescimento de 12,1% na comparação com o mesmo período de 2020.
Embora tenha mantido um "ritmo de crescimento intenso" entre abril e junho ante igual período de 2020, a retração de 0,3% na comparação trimestral "mostra que houve certo otimismo com o resultado" registado entre janeiro e março.
"Isso mostra que ainda há um longo caminho a percorrer para uma recuperação mais robusta da economia", afirmou Claudio Considera, citado em relatório da FGV como coordenador do Monitor do PIB elaborado pela instituição.
Na mesma linha, algumas entidades financeiras no Brasil reduziram as suas estimativas do PIB do país de zero para (-0,3%) no segundo trimestre, devido aos impactos da segunda onda da pandemia que atingiu o Brasil entre março e abril e que interrompeu uma recuperação mais pronunciada.
Outras instituições, como o Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (Ipea), projetam ligeiro crescimento entre abril e junho de 0,1%, graças à melhora do ambiente macroeconómico e ao aumento generalizado dos indicadores de confiança no ano.
Esses cálculos têm como base o índice de atividade económica divulgado pelo Banco Central, considerado uma prévia do PIB, que apontou uma aceleração da economia de 0,12% no segundo trimestre.
No entanto, apesar de pequenas discrepâncias entre as projeções dos analistas, os economistas concordam que o ritmo de recuperação da economia brasileira ainda é modesto e o gigante latino-americano enfrenta "dificuldades para um crescimento mais robusto".
Entre eles estão a alta taxa de desemprego, que atingiu 14,1% no segundo trimestre, e a inflação galopante, que deve fechar 2021 em 7,27%, bem acima da meta fixada pelo Governo, ambas consideradas fator de preocupação para a expansão mais pronunciada.
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