De acordo com dados de um relatório estatístico do Banco de Cabo Verde (BCV) compilados hoje pela Lusa, este registo compara ainda com os cerca de 80.000 milhões de escudos (723 milhões de euros) um ano antes, período anterior ao início da pandemia de covid-19, e com os 84.315 milhões de escudos (762 milhões de euros) no final de 2020.

Face à crise económica provocada pela pandemia de covid-19, com quebra nas receitas fiscais e a necessidade de aumentar os apoios sociais e às empresas, o Governo cabo-verdiano está a recorrer desde abril de 2020 ao endividamento público para financiar o funcionamento do Estado, através de empréstimos internacionais e pela emissão de bilhetes (maturidades mais curtas) e títulos (mais longas) do Tesouro, colocados em leilões regulares.

Em março de 2021, havia 2.690 milhões de escudos (24,3 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro e 46.222 milhões de euros (418 milhões de euros) em Títulos do Tesouro detidos pelos bancos, e 1.229 milhões de escudos (11,1 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro e 29.058 milhões de escudos (262,7 milhões de euros) em Títulos do Tesouro nas mãos de privados.

Já o 'stock' da dívida pública cabo-verdiana contraída externamente aumentou no primeiro trimestre para 185.956 milhões de escudos (1.680 milhões de euros), ainda segundo o mesmo relatório do BCV.

A Lusa noticiou anteriormente que o 'stock' da dívida pública total de Cabo Verde cresceu 13.654 milhões de escudos (123,4 milhões de euros) em 2020, devido às consequências da pandemia, passando a ter um peso de 151,3% do Produto Interno Bruto (PIB), contra os 124,1% em 2019.

Segundo dados do relatório da dívida pública do quatro trimestre de 2020, divulgado em abril pelo Ministério das Finanças de Cabo Verde, o saldo total da dívida pública do arquipélago cifrava-se no final de 2018 em 229.008 milhões de escudos (2.070 milhões de euros), subiu no final de 2019 para 242.262 milhões de escudos (2.190 milhões de euros) e em 2020 para 255.916 milhões de escudos (2.313 milhões de euros).

Já o serviço total da dívida (pagamentos de juros e reembolsos de capital) de Cabo Verde, que em 2018 foi de 14.950 milhões de escudos (135,1 milhões de euros) e no ano seguinte de 14.718 milhões de escudos (133 milhões de euros), disparou em 2020 para quase 17.823 milhões de escudos (161 milhões de euros).

Com uma recessão económica de quase 15% em 2020, que reduziu nessa proporção o PIB de Cabo Verde face a 2019, o rácio do 'stock' da dívida pública em função do PIB também disparou. Esse rácio da dívida pública ultrapassou pela primeira vez os 100% do PIB em 2013, mas estava em queda na anterior legislatura (2016-2021), até ao início da pandemia de covid-19, sobretudo devido ao crescimento económico do arquipélago, de mais de 5% ao ano, já que continuava a crescer em termos absolutos.

A principal consequência económica da pandemia de covid-19 em Cabo Verde prende-se com a ausência quase total de turismo desde março de 2020, setor que antes garantia 25% do PIB do país, com a inerente forte quebra de receitas fiscais e no consumo.

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