
Segundo o presidente do conselho de Administração da CVI, Jorge Maurício, para esta marca contribuíram os resultados dos últimos meses, com a empresa a transportar este ano, até setembro, mais de 380 mil passageiros, um aumento de 47% em relação ao período homólogo de 2020, então fortemente afetado pelas restrições devido à pandemia de covid-19, além de 41 mil viaturas (+46%) e 170 mil toneladas (+37%) de carga geral, num total de 3.160 escalas (+13%) de navios.
A CVI, liderada (51%) pela Transinsular (grupo português ETE) e participada nos restantes 49% por 11 armadores cabo-verdianos, assumiu em agosto de 2019 um contrato de concessão do transporte público marítimo de passageiros e cargas interilhas, num contrato válido por 20 anos após concurso público internacional.
"Em agosto passamos celebramos 26 meses de atividade (...) Destes 26 meses, 19 deles foram e está a ser de pandemia. Fazer a montagem de um serviço de transporte marítimo muito complexo num país arquipelágico, com nove ilhas habitadas, nove portos, garantir a coesão e ligação territorial de forma continua não é tarefa simples", apontou o administrador da CVI.
Jorge Maurício explica que dividiram a ação da nova empresa em duas partes, a primeira das quais consistiu na implementação do sistema de transporte da CVI, durante os primeiros dois anos: "Um milhão de passageiros transportados, mais de 8.000 viagens realizadas numa fase de implementação", apontou.
A segunda fase define-se pela implementação de outros serviços, "de mais qualidade", no transporte marítimo interilhas, de pessoas e cargas.
"Basta ver que hoje o perfil do passageiro do transporte marítimo é igual ao perfil do passageiro do transporte aéreo. Isto não acontecia há três anos", exemplifica o administrador, acrescentando que antigamente os utilizadores das ligações marítimas eram sobretudo os comerciantes informais.
Com a empresa ainda a recuperar dos efeitos da pandemia de covid-19, Jorge Maurício aponta o exemplo da importância dos transportes marítimos assegurados pela CVI já no último verão, com o progressivo levantamento das restrições na lotação dos navios e aos movimentos de pessoas.
"O verão foi intenso e graças à CVI podemos garantir valores verdadeiramente expressivos, para além da regularidade, dos itinerários e das rotas bem definidas. As pessoas já sabem com o que podem contar, já começam a ganhar confiança num processo também que é novo e ainda em construção. A CVI tem cumprido o seu propósito e neste último verão demonstrou a forma muito pragmática a sua importância para Cabo Verde, a importância de termos a funcionar o sistema de transporte marítimos de passageiros e carga para garantir a coesão territorial e para promover a circulação de pessoas e bens", assumiu Jorge Maurício.
Só no período de verão, a CVI transportou mais de 190 mil passageiros, correspondente a valores de 12 meses antes da pandemia. "Por exemplo, movimentamos mais de 16 mil viaturas, acima de 70 mil toneladas de carga geral e fizemos mais de 1.250 escalas de navio. Isto garante uma capacidade já forte em termos de logística, meios, equipamento de processo e procedimentos", sublinha o presidente do conselho de Administração da CVI.
Jorge Maurício assume que 2020 foi um ano que "castigou severamente" a empresa, com limites à lotação -- após a interdição de viagens no início da pandemia - de 25% da capacidade, que foram aumentando progressivamente.
"Isso é para mostrar que de facto o sistema de transporte marítimo de passageiros e de cargas, no conceito e no modelo de conceção, está bem concebido e é um dos maiores projetos de Cabo Verde dos últimos tempos", assegura Jorge Maurício, que pede que o projeto da CVI seja visto numa perspetiva global, nacional e apartidário.
Garante que a empresa está num processo continuo de ajustamento da qualidade, regularidade e disciplina do processo, para alinhar com as necessidades dos donos das cargas e dos passageiros, bem como fomentar o turismo interno.
Acrescenta que a situação nacional dos transportes marítimos está melhor do que há dois anos e com boa expectativa para o futuro, mas admite necessidades de mudanças devido à dinâmica do mercado.
"Neste momento já cumprimos mais de 93% do contrato de conceção que nós temos, o que é fantástico numa fase de montagem, ou seja, estamos próximos, mas haverá sempre necessidade de melhorias, porque o mercado é dinâmico em termos de tipos de cargas e passageiros", concluiu.
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