Uma década marcada por um significativo contraste nos hábitos de consumo de crédito que é também comprovado pelas estatísticas: em 2010 tinham sido emitidos pelas entidades bancárias 383.249 cartões de crédito, mas em 10 anos ultrapassou já os 1,4 milhões, mais do dobro da população que vive num dos territórios do mundo com maior rendimento 'per capita', mas com significativas desigualdades sociais e económicas.

Se no segundo trimestre de 2010 o crédito usado com recurso a cartões de crédito foi de 1,7 milhões de patacas (180 mil euros), nos primeiros três meses deste ano atingiu os 4,6 milhões de patacas (490 mil euros).

Um crescimento de 170% numa década, mas que ainda assim corresponde a uma descida de cerca de 20%, quando se compara o montante deste segundo trimestre com o de 2019, num momento em que a crise causada pela pandemia do novo coronavírus também se faz sentir em Macau, com o motor económico do território, o turismo e a indústria do jogo a serem os setores mais afetados.

De resto, de acordo com as estatísticas publicadas pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), o crédito usado antes de a capital mundial do jogo ser atingida pela pandemia (no último trimestre de 2019) baixou quase 27%, em relação ao segundo trimestre deste ano.

Na quarta-feira, o Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau anunciou uma perda de 20% nos lucros no primeiro semestre do ano, em comparação a igual período de 2019.

À Lusa, o presidente do BNU, Carlos Álvares, explicou que o crédito e os depósitos cresceram e um dos pontos destacados teve precisamente a ver com as perdas em algumas comissões bancárias, como aquelas ligadas aos cartões de crédito.

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