De acordo com dados do relatório síntese da execução orçamental de janeiro de 2021, a que a Lusa teve hoje acesso, este desempenho continua a ser condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, através da forte quebra nas receitas fiscais e o aumento das necessidades de endividamento para garantir as políticas económicas e sociais.

O défice de 0,4% em janeiro de 2021 compara com o 'superavit' de 554,7 milhões de escudos (cinco milhões de euros), então positivo em 0,3%, no mesmo mês de 2020, antes dos efeitos da pandemia.

O mesmo relatório refere que o 'stock' da dívida pública cabo-verdiana atingiu em janeiro os 257.803 milhões de escudos (2.335 milhões de euros), crescendo 6,1% face ao mesmo mês de 2020, representando, um 'stock' equivalente a 142,7% do PIB projetado para este ano.

Cabo Verde terminou 2020 com um défice das contas públicas equivalente a 9,1% do PIB, aumentando face aos 1,8% de 2019 e invertendo a tendência decrescente dos últimos seis anos, segundo dados do banco central.

O agravamento do défice das contas públicas é explicado pela pandemia de covid-19, nomeadamente as consequências económicas, que levaram à paragem praticamente total do turismo, que garante 25% do PIB do país.

Contudo, este resultado fica abaixo da pior previsão do Governo para o desempenho de 2020, que apontava para um défice histórico nas finanças públicas cabo-verdianas de 11,4% do PIB -- fica abaixo do pico de 10,3% em 2012 -, mas refletindo uma forte diminuição das receitas públicas.

O Banco de Cabo Verde não quantifica a estimativa do défice das contas públicas, mas o PIB cabo-verdiano estimado para 2020, após uma recessão histórica de 14,8%, caiu para 164.911 milhões de escudos (1.492 milhões de euros). Com um défice estimado em 9,1% do PIB, esse valor terá assim ultrapassado os 15 mil milhões de escudos (135,8 euros) em 2020.

Segundo previsão anterior do Governo, o défice das finanças públicas de Cabo Verde deverá ascender a 8,8% do PIB em 2021, ainda fortemente influenciado pela crise sanitária e económica provocada pela pandemia de covid-19.

Nos últimos dez anos, o saldo das contas públicas (anual) de Cabo Verde foi sempre deficitário, com picos em 2012 (-10,3% do PIB) e 2013 (-9,3% do PIB), descendo até ao mínimo de -1,8% do PIB em 2019, antes da crise provocada pela pandemia.

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