A escolha de Luanda como cidade anfitriã da Cimeira Empresarial EUA-África 2025 é o reconhecimento do papel crescente que Angola desempenha como ponte digital e económica entre o continente africano e os Estados Unidos da América. O evento, que reuniu mais de 1.500 líderes empresariais, decisores políticos e investidores, reforçou a visão de Angola enquanto hub estratégico de conectividade digital e comercial em África.

Angola está a consolidar-se como um dos principais corredores digitais entre as Américas e o continente africano, posicionando-se como plataforma estratégica para acelerar o comércio, a circulação de dados e o investimento tecnológico. Esta evolução é reflexo de uma política nacional de diversificação económica, aliada ao desenvolvimento acelerado de infra-estruturas digitais e à crescente procura de soluções tecnológicas fiáveis por parte de empresas norte-americanas.

Com uma localização geográfica privilegiada, Angola tornou-se ponto de entrada e saída de tráfego digital para a África subsaariana.

Através de investimentos estruturantes, o país expandiu a sua capacidade de interligação global com cabos submarinos de alto desempenho, como o SACS e o MONET e acesso a datacenters de classe mundial, com a ligação do AngoNAP Luanda aos maiores datacenters mundiais. Esta infra-estrutura está a ser usada por empresas norte-americanas para expandirem a sua presença digital em África.

Dados da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX) apontam para uma entrada de 3,8 mil milhões de dólares em investimento directo estrangeiro em 2023, com um crescimento significativo proveniente de empresas sediadas nos Estados Unidos da América. Este aumento está associado à modernização do enquadramento regulatório do país e ao forte impulso dado à economia digital por via do investimento em conectividade e soluções tecnológicas.

Com uma localização geográfica privilegiada, Angola tornou-se ponto de entrada e saída de tráfego digital para a África subsaariana.

A Angola Cables tem sido um catalisador deste progresso. Além dos cabos submarinos, opera o Angonix, o terceiro maior ponto de troca de tráfego de Internet de África, e assegura rotas de baixa latência entre América do Norte, África e Ásia. Estima-se que mais de 70% do tráfego digital EUA-África passa hoje por Angola — uma métrica que posiciona o país como uma plataforma digital de escala intercontinental.

Este volume de tráfego revela o crescente interesse de hyperscalers, empresas de cloud, plataformas de streaming, gaming e fintechs em usar Angola como base de operações. A conectividade já não é apenas uma questão técnica: é um motor de crescimento económico, potenciando soluções em educação digital, saúde remota, e-commerce e governança electrónica.

Durante a Cimeira EUA-África, ficou claro que os líderes empresariais norte-americanos olham para Angola como um parceiro estratégico no desenvolvimento tecnológico do continente. Mas para garantir que esta tendência se mantenha, é fundamental continuar a investir no potenciamento do ecossistema tecnológico nacional, como por exemplo num maior número de datacenters de grande escala, na formação digital, em políticas regulatórias que estimulem a inovação e na criação de mecanismos e incentivos que promovam tanto o investimento doméstico como o investimento estrangeiro directo.

Neste contexto, é importante mostrar aos Estados Unidos e ao resto do mundo que África não é apenas um fornecedor de matérias-primas, mas pode ser também um parceiro estratégico com imenso potencial tecnológico, económico e com muito talento humano.