"Estou otimista porque vamos ter mais de 15 projetos do petróleo e gás, seis projetos 'onshore' e nove projetos 'offshore', como resultado das duas rondas de licenciamento", disse à Lusa Florentino Soares Ferreira, presidente da Autoridade Nacional de Petróleo e Minerais (ANPM), uma das entidades que promove a cimeira.

"No setor mineiro temos estado a trabalhar para avançar na exploração do mármore e ainda interesse de investidores australianos nas potencialidades de ouro e cobre", explicou.

A 4.ª cimeira de Petroleo e Gás, que decorre entre 14 e 16 de junho, está a ser organizada pela ANPM, pelo Governo de Timor-Leste, o The Energy Circle e a IN-VR, empresa que trabalha com Timor-Leste desde 2019 para promover projetos neste setor.

Florentino Ferreira disse que o objetivo é "atrair os investidores", na sequência de duas cimeiras anteriores que, devido à pandemia da covid-19 tiveram que se realizar online.

"É uma oportunidade de encontrar os investidores e as empresas para discutir o setor do petróleo e gás, conteúdo local, atividade mineiras e também o ambiente financeiro, envolvendo a banca", referiu.

"Aprovamos o Código Mineiro no ano passado e esperamos poder emitir concessões este ano para investidores no setor das minas", destacou, referindo que a cimeira dará igualmente a conhecer infraestruturas "auxiliares" ao desenvolvimento económico.

No que toca ao que é potencialmente o maior projeto do setor, o desenvolvimento dos Campos do Greater Sunrise, no Mar de Timor, Ferreira considera que é necessário "discutir a definição" do projeto.

"Precisamos de fazer uma redefinição sobre o projeto", disse, referindo discordar de algumas das estratégias adotadas pelo anterior Governo para o projeto.

A cimeira conta, entre outros, com a participação de vários responsáveis do setor em Timor-Leste, além dos responsáveis de várias empresas do ramo, incluindo a Santos, Timor Gap, Beacon Minerais e SundaGas.

Entre as empresas participantes destacam-se ainda a Woodside - um dos parceiros de Timor-Leste no consórcio do projeto do Greater Sunrise - o Banco Nacional de Comércio de Timor-Leste (BNCTL), o Caltech Group, o escritório de advogados Vieira de Almeida, a ETO, a Bluewater e a Câmara de Comércio de Timor-Leste (CCTL).

Ao longo de três dias os participantes vão analisar aspetos relacionados com o processo de licenciamento 'onshore' e 'offshore' e o potencial de exploração tanto de petróleo como de gás natural.

Uma das sessões analisará ainda a criação de um 'hub' energético regional em Timor-Leste, iniciativas de captura de carbono e várias iniciativas em curso no país, bem como as oportunidades no setor de minas.

Ausente da lista atualizada de participantes está a Timor Resources, empresa que está atualmente a realizar atividades de exploração onshore na zona de Suai, sudoeste de Díli.

Promotores do encontro destacam os esforços de Timor-Leste atrair empresas internacionais para o setor do petróleo e gás, tendo já levado a cabo duas rondas de licenciamento, a mais recente este ano.

Apesar de algum interesse na ronda mais recente, em abril, as autoridades timorenses só adjudicaram cinco de 18 blocos de licenciamento para projetos onshore e offshore de explorações de petróleo e gás, três blocos onshore e dois blocos 'offshore', no Mar de Timor.

À empresa australiana Santos, operadora do único campo atualmente em produção em Timor-Leste, o Bayu Undan, foi adjudicado o Bloco R offshore, localizado perto dos campos Kitan, Buffalo e Bayu-Undan.

A italiana ENI, parceira da Santos no Bayu Undan recebeu o Bloco P offshore, localizado perto dos campos do Greater Sunrise.

À petrolífera nacional timorense Timor Gap foi adjudicado o Bloco A, à empresa timorense Esperanca Timor Oan (ETO) foram concedidos os direitos ao Bloco B onshore, e a empresa Exploração HTS, do Cazaquistão recebeu os direitos ao Bloco F.

No total foram apresentadas nove propostas de sete empresas para os seis blocos adjudicados.

Recorde-se que a Santos e a ENI estão atualmente a estudar opções para estender a vida do Bayu Undan incluindo um projeto de captura e armazenamento de carbono.

Timor-Leste quer ainda promover outras oportunidades, apostando na mineração, projetos "net-zero" e de captura e armazenamento de carbono.

Neste quadro, a ANPM assinou já um memorando de entendimento com a Santos para avançar com um projeto de captura e armazenamento de carbono (CCS) no campo de Bayu Undan, cuja exploração petrolífera está quase a terminar.

ASP // MSF

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