"Nós, globalmente, deveríamos dizer é que esperamos que o Orçamento traga boas novas para os cabo-verdianos, porque os cabo-verdianos estão exaustos de novas que não são boas, de dificuldades e de sacrifícios", afirmou Rui Semedo, questionado pelos jornalistas após uma audiência, a seu pedido, com o Presidente da República, José Maria Neves, para abordar a situação dos transportes no arquipélago.

"Que seja um Orçamento de boas novas. Vamos analisar para ver o que é que traz. Que melhorem as condições de vida dos cabo-verdianos, que melhoram o seu rendimento, que diminuem o seu sacrifício e que deem oportunidades para as famílias poderem viver com dignidade", acrescentou.

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, anunciou hoje que entregou na segunda-feira à noite a proposta de Orçamento do Estado para 2023 ao presidente da Assembleia Nacional, no valor de 77 mil milhões de escudos (687 milhões de euros), prevendo um crescimento económico no próximo ano de 4 a 5% e "assente em três prioridades".

"Contingência às crises; proteção das famílias, para que possamos ter um quadro estável; e preparar o país para o futuro", apontou.

"Este é um Orçamento muito forte em termos de ambição, que comporta medidas corajosas, elaborado num contexto de muita indefinição, mas que prevê medidas para garantir a proteção de rendimentos, ajudar as empresas no seu esforço de retoma económica, e assim continuar a proteger as famílias. Portanto, comporta um conjunto de medidas que vão ao encontro dos desafios com os quais estamos confrontados", afirmou ainda Olavo Correia.

Recordou que o país continua a ter "restrições orçamentais", mas que as medidas propostas "abrangem várias áreas" e "visam atingir as necessidades urgentes e prioritárias".

Segundo Olavo Correia, o conteúdo e as medidas fundamentais da proposta de Orçamento do Estado para 2023, que agora segue para discussão no parlamento, serão anunciadas ao país pelo primeiro-ministro esta quarta-feira, pelas 10:30 locais (12:30 em Lisboa).

O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística. Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de 6% para 4%.

PVJ // JH

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